SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, falou nesta sexta-feira (31) em um “novo começo nas relações” entre o seu país e os Estados Unidos, agora presidido por Donald Trump. A declaração ocorreu horas após um representante de Washington visitar Caracas. Mais tarde, a Casa Branca anunciou que o regime libertou seis cidadãos americanos que estavam presos sob acusação de conspiração.
Numa mensagem de grande peso simbólico, a primeira viagem da administração Trump às Américas foi à Venezuela. Em Caracas, o enviado Richard Grenell se encontrou com Maduro e outros líderes do regime.
“Estamos voltando para casa com esses seis cidadãos americanos”, escreveu Grenell horas depois em suas redes sociais, numa legenda que acompanhou uma foto sua, em um avião, ao lado dos homens soltos pela ditadura.
O governo americano não divulgou a identidade dos homens nem detalhes das negociações. Também não se sabe ao certo as acusações imputadas contra eles. Anteriormente, o regime venezuelano se gabou de ter capturado cidadãos americanos acusados de serem mercenários e que teriam tentado desestabilizar o poder. A ditadura ainda mantém presos de outras nacionalidades, como a ucraniana e a colombiana.
A soltura dos americanos foi celebrada por Trump, que assumiu a Presidência no último dia 20 e é crítico do regime. “Acabei de ser informado de que estamos trazendo para casa seis reféns da Venezuela”, disse.
Richard Grenell, o enviado do governo americano, conversou com Maduro sobre o que o regime chama de “agenda zero”, uma espécie de plano para reconstruir o diálogo entre os países. A relação entre Washington e Caracas havia piorado desde a contestada eleição presidencial, ocorrida em julho do ano passado, no qual o ditador foi declarado vencedor a despeito de acusações de fraude no pleito.
Ainda que Washington reconheça o opositor Edmundo González como presidente eleito da Venezuela, a Casa Branca precisa de Maduro para temas estratégicos de sua política doméstica e externa.
Para a política de deportação em massa de imigrantes em situação irregular que planeja implementar, Trump precisaria selar algum acordo com Caracas para poder expulsar venezuelanos, o que hoje não existe. Ele também precisa da ditadura para ampliar os controles contra o tráfico de drogas que chega aos EUA. Foi neste contexto que Maduro falou em um “novo começo” entre os países.
Maduro disse que a reunião com o enviado de Trump foi “muito positiva”. “Demos um primeiro passo, e esperamos que possa ser mantido”, disse o ditador.
Em sua posse, Trump disse que os EUA provavelmente deixariam de comprar petróleo da Venezuela. Vários congressistas republicanos também pressionam pelo cancelamento de licenças que permitem a companhias estrangeiras, incluindo a americana Chevron, de operar no país sul-americano.
Redação / Folhapress