SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Daniel Barenboim, um dos principais maestros e pianistas do mundo, manifestou suas opiniões sobre o a guerra entre Israel e Hamas em um artigo publicado neste domingo (15), no jornal The Guardian.
É a segunda vez que o músico, judeu de origem argentina, escreve sobre o conflito -a primeira foi na última terça (10), quando ele usou a rede social X (ex-Twitter) para dizer que acompanhava os acontecimentos com “horror e preocupação”.
Na ocasião, condenou tanto o ataque do Hamas contra a população civil israelense quanto o cerco israelense a Gaza, o que chamou de “uma violação dos direitos humanos”.
O artista, hoje com 80 anos, é conhecido também por seu ativismo pela paz e o entendimento entre israelense e os povos árabes do Oriente Médio. Ao lado de Edward Said, ele fundou, em 1999, a West-Eastern Divan Orchestra, em que músicos de origem árabe e israelense tocam juntos.
No mundo da música, ele é um dos artistas que mais se envolve e discute a disputa histórica entre Israel e Palestina. Em 2011, ele conduziu a primeira apresentação de um grupo internacional de músicos eruditos em Gaza. Como Israel proíbe seus cidadãos civis de viajar para a cidade, Barenboim, na ocasião, entrou no território com 25 músicos europeus pelo posto de fronteira de Rafah, na divisa com o Egito.
No texto para o jornal inglês, ele cita a iniciativa para dizer que quase todos os estudantes da Barenboim-Said Academy -escola de música que funciona com o projeto– foram afetados pelo conflito e que isso só deixa mais forte sua convicção de que a única solução é aquela baseada em “humanismo, justiça e igualdade, e sem forças armadas e ocupação”.
Barenboim diz ainda que “não há justificativa para os atos terroristas bárbaros do Hamas contra civis”, mas que israelenses devem aceitar que a ocupação do território palestino não é justa.
Ele lembra o histórico de perseguição contra judeus para dizer, também, que a população de judeus na Palestina era de apenas 8% no fim da Primeira Guerra Mundial. “Estou convencido de que israelenses terão segurança quando os palestinos conseguirem sentir esperança”, escreve.
Barenboim diz que toda análise sobre o conflito deve ter, em seu cerne, a compreensão básica de que existem pessoas dos dois lados. “A humanidade é universal e o reconhecimento desta verdade é o único caminho. O sofrimento de pessoas inocentes de ambos os lados é absolutamente insuportável”, diz.
Para o maestro, a guerra não é sobre questões políticas e uma briga por fronteiras, água, olho ou outros recursos, mas um “conflito profundamente humano entre dois povos que conheceram sofrimento e perseguição”.
Redação / Folhapress