SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O som ritmado dos atabaques podia ser ouvido à distância no cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, neste Dia de Finados. No centro da roda, alimentos eram servidos em oferenda, enquanto dezenas de pessoas entoavam cantos ritualísticos da umbanda.
“É uma forma de homenagear as almas e demonstrar gratidão pelo que as entidades nos ofertam e fazem por nós”, explica Joseli Geraldo Fagundes, ekedi da tenda de Umbanda Caboclo Pena Verde e Vó Luiza, que fica em São Rafael, bairro da região leste.
No entorno, outros grupos formados por adeptos de religiões de matriz africana conduziam suas cerimônias, levando oferendas e relembrando dos que se foram.
Considerado o maior cemitério da América Latina, o Vila Formosa deve receber cerca de 30 mil visitantes nesta quinta-feira (2), com presença de diferentes manifestações religiosas.
Pela primeira vez, a professora Simone Maria do Carmo de Lima, 55, representou a paróquia São Mateus Apóstolo no cemitério, levando palavras de conforto e oração aos visitantes católicos.
“Para nós, a morte é uma passagem. A nossa fé acredita na vida eterna, então esse é um dia de saudade, não de tristeza, pois nossos entes foram para um lugar melhor”, disse ela.
A Igreja Católica também promoveu missas no cemitério e atendimento a confissões de fiéis.
Outras vertentes do cristianismo também levaram representantes ao Vila Formosa, como testemunhas de Jeová e igrejas protestantes.
RECLAMAÇÕES
Em meio a visitas ao cemitério, havia queixas de falta de banheiros.
“Na portaria disseram que só podemos usar os banheiros químicos, mas tem poucos para esse tanto de gente e estão todos imundos”, relatou Gilda Bernardino, 63, que visitava o túmulo da mãe nesta quinta (2).
Por meio de nota, a Consolare, responsável pela gestão do Vila Formosa, disse que instalou 21 banheiros químicos e que os banheiros do prédio administrativo também estão disponíveis ao público.
A concessionária também afirmou que tem realizado ações para melhorar a conversação do cemitério, como o aumento de funcionários voltados a tarefas de zeladoria e a substituição de mato por gramado.
LEONARDO ZVARICK / Folhapress