RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Cinco ônibus foram sequestrados e usados como barricadas para obstruir vias no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (17), durante operações policiais nas zonas norte e oeste.
Na quarta (16), outros nove haviam sido sequestrados na região da Muzema e Tijuquinha, na zona oeste, durante ação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais).
Não houve feridos nas duas novas ações.
Nesta quinta, suspeitos usaram dois ônibus da linha 778 (Pavuna/Cascadura) para obstruir vias em Costa Barros, na zona norte.
Em outro ponto da cidade, na Muzema, zona oeste, ônibus das linhas 878 (Barra da Tijuca/Tanque) e 863 (Rio das Pedras/Barra da Tijuca) também foram levados. Um quinto ônibus foi usado como barricada na Pavuna.
Segundo responsáveis pelas linhas, os suspeitos, nessas ações, obrigam o motorista a atravessar o ônibus na via e retiram a chave e a bateria.
As linhas que circulam pela região estão sofrendo desvio de itinerário. O bairro da Muzema não possui estação de trem ou metrô. Vans e ônibus são as únicas opções de transporte coletivo.
Na estrada do Itanhangá, na Muzema, os dois ônibus posicionados na pista foram retirados por policiais militares. O Bope reforça o patrulhamento na região nesta quinta.
Na noite de quarta, o governador Cláudio Castro (PL) rechaçou a utilização do termo “sequestro” para o caso ocorrido na Muzema.
“É importante ficar claro que não tivemos nenhum ônibus sequestrado no Rio de Janeiro hoje. O que os bandidos fizeram foi subtrair as chaves de três ônibus para tentar impedir o trabalho do Bope na comunidade da Tijuquinha, mas fracassaram”, escreveu Castro nas redes sociais.
O governador também afirmou que, durante a ação, outros motoristas ficaram com medo e deixaram os ônibus no meio da via.
Na quarta, o Bope esteve na Muzema com o objetivo, segundo a polícia, de evitar confronto entre milicianos e traficantes do Comando Vermelho que disputam o controle das favelas da região. Durante confronto, um policial militar foi ferido por estilhaços e levado ao Hospital Central da Polícia Militar, no centro do Rio.
“Verificamos uma instabilidade nas comunidades da região de Jacarepaguá, como Tijuquinha, Muzema, Morro do Banco e Rio das Pedras. A localidade está sendo alvo de disputas de fações rivais. A geografia criminal no Rio tem muitas mudanças que ocorrem em função dessas guerras por domínio territorial”, afirmou à Folha na quarta a porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Cláudia Moraes.
Em vídeo publicado na rede, Castro disse que pessoas “avisaram aos criminosos” que o Bope estava chegando, sem mencionar quem seriam.
“Quero parabenizar os nossos bravos policiais militares, que foram ágeis e impediram um plano de invasão dos criminosos da Tijuquinha e da Muzema à comunidade do Rio das Pedras. E ainda apreenderam 4 armas, entre elas um fuzil.”
O Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus da capital fluminense, contabiliza 101 veículos sequestrados e usados como barricada neste ano.
Outros oito foram incendiados criminalmente e 1.750 foram vandalizados, segundo o sindicato. O prejuízo com a danificação dos ônibus, de acordo com o Rio Ônibus, é de R$ 22,6 milhões.
As zonas norte e oeste são as regiões mais afetadas pelos casos de veículos sequestrados.
Há um ano, ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados no mesmo dia no Rio. Os ataques aos veículos foram uma resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado.
YURI EIRAS / Folhapress