SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cerca de 135 pessoas ligadas à campanha presidencial do ex-diplomata Edmundo González, adversário do ditador Nicolás Maduro no pleito deste domingo (28), foram presas pelo regime da Venezuela desde janeiro, disse nesta sexta-feira (26) a ONG Fórum Penal, que defende presos políticos no país.
“De janeiro até agora, foram 149 prisões arbitrárias por motivos políticos, das quais 135 estão diretamente ligadas à turnê nacional e à campanha de María Corina Machado e Edmundo González Urrutia”, disse o diretor da ONG, Gonzalo Himiob.
“A maioria deles já foi libertada, alguns nem sequer foram processados, mas 47 permanecem privados de liberdade neste momento”, continuou, em fala à agência de notícias AFP.
María Corina, representada nas urnas eleitorais por González depois que o regime cassou seus direitos políticos, denunciou uma escalada da repressão contra a campanha da oposição, sua equipe e seus colaboradores de confiança, seis dos quais estão refugiados na embaixada argentina em Caracas.
Comerciantes e empresários também estão entre os presos. Da mesma forma, as autoridades fecharam estabelecimentos que prestavam serviços a opositores.
A campanha eleitoral da Venezuela, que começou em 4 de julho e terminou nesta quinta-feira (25), foi marcada por relatos de repressão e detenções de opositores, a quem o regime acusa de planejar ignorar os resultados e procurar a violência para derrubá-lo.
Maduro marca apenas cerca de 25% das intenções de voto, enquanto González tem 60%, de acordo com pesquisas eleitorais que se baseiam em um alto comparecimento nas urnas, fato que não é garantido em um país com voto facultativo como a Venezuela.
O último dia da campanha em Caracas foi marcado por atos do chavismo e da oposição em bairros diferentes da capital venezuelana. A caravana de María Corina e González começou ao som do jingle “Todo el Mundo con Edmundo”, logo substituído pelo barulho incessante das centenas de motos que aglutinavam apoiadores e por gritos de apoio.
María Corina voltou a repetir seu pedido comum nestes dias: “Vamos contar ‘papelito por papelito'”. É um apelo para que os eleitores participem da auditoria dos votos após o fim da votação no domingo. A oposição demonstra desconfiança em relação ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e diz que só acreditará nas atas das urnas que forem tornadas públicas.
Já na avenida Bolívar, no centro da capital, as ruas foram tomadas por apoiadores do chavismo, com centenas de bandeiras da Venezuela e de partidos da aliança eleitoral da ditadura.
Maduro repetiu a ideia que já havia levantado em outros comícios de que pode haver violência caso não seja vitorioso. “Só um presidente chavista é capaz de garantir a paz. Só nós garantimos a paz e a estabilidade deste país chamado Venezuela. Só nós garantimos o crescimento econômico, superamos a crise de desabastecimento frente à guerra econômica.”
“No domingo se decide o futuro da Venezuela pelos próximos 50 anos. Paz ou guerra? Bagunça ou tranquilidade? Extrema direita ou chavismo? Fascismo ou democracia popular? Capitalismo selvagem ou socialismo cristão? Eu digo: para mim está claro”, afirmou Maduro. “Ou haverá paz, ou se acabará a tranquilidade.”
Redação / Folhapress