SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ativista muçulmano que recebeu permissão para queimar uma Torá e uma Bíblia do lado de fora da embaixada israelense de Estocolmo desistiu de seu plano neste sábado (15), o dia marcado para o protesto, dizendo que só queria chamar a atenção para a recente queima do Alcorão no país.
O homem, identificado como Ahmad Alush, de 32 anos, recebeu permissão das autoridades suecas para realizar o ato, atraindo ampla condenação e protesto de Israel e grupos judeus.
Mas Alush, ao chegar do lado de fora da missão diplomática israelense neste sábado, segurando apenas uma cópia do Alcorão, disse que nunca foi sua intenção queimar livros sagrados judeus ou cristãos. As informações são do jornal Times of Israel.
“É contra o Alcorão queimar e eu não vou queimar. Ninguém deveria fazer isso”, disse Alush aos repórteres reunidos no local.
Em seu pedido para o protesto de sábado, o homem disse que queria queimar a Torá e a Bíblia em resposta à queima do Alcorão do lado de fora de uma mesquita de Estocolmo no mês passado por um imigrante iraquiano. Ele chamou de “uma reunião simbólica em prol da liberdade de expressão”.
O anúncio da queima dos livros sagrados gerou manifestações. Entre os líderes que se pronunciaram contra a autorização estão o presidente de Israel, Isaac Herzog, e o chefe da Organização Sionista Mundial, Yaakov Hagoel. O último afirmou que a manifestação não é um exemplo de liberdade de expressão, “mas sim de antissemitismo”.
Questionadas pela agência AFP, forças de segurança afirmaram que a permissão foi concedida para o evento em si, não para as atividades que ele envolve. “A polícia não emite licenças para queimar textos religiosos. Ela emite licenças para aglomerações públicas. É uma distinção importante”, disse a assessora Carina Skagerlind.
A polícia havia proibido protestos semelhantes em fevereiro. Mas ativistas recorreram, e a Justiça decidiu que impedir os atos violava o direito à liberdade de expressão. Assim, agentes de segurança passaram a dar o aval para que as manifestações ocorressem.
A organização permitiu, portanto, a manifestação que terminou com a queima do livro sagrado do islamismo em frente à Grande Mesquita de Estocolmo, que tanto repercutiu no final do mês passado, com a justificativa de que ele não representava grandes riscos de segurança.
O responsável pelo ato, o refugiado iraquiano Salwan Momika, 37 –que arrancou as folhas de uma cópia do Alcorão, limpou a sola de seus sapatos com elas e então as incendiou — foi, porém, detido, acusado de promover agitação contra um grupo étnico e violar leis de proibição de incêndio vigentes na capital.
Redação / Folhapress