Manifestantes pró-Palestina e pró-Israel se enfrentam em universidade na Califórnia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Ucla (Universidade da Califórnia em Los Angeles) acionou a polícia na madrugada desta quarta-feira (1º) após manifestantes pró-Palestina e pró-Israel se enfrentarem em confrontos violentos no campus da instituição.

A universidade vinha assumindo uma das posturas mais tolerantes entre as dezenas de universidades americanas que viraram palco de protestos contra a guerra que já matou mais de 34 mil palestinos na Faixa de Gaza, segundo autoridades de saúde do território controlado pelo Hamas.

Nas últimas semanas, estudantes armaram acampamentos em campus de costa a costa nos Estados Unidos, o que fez muitas instituições —incluindo Columbia, universidade em Nova York que é o epicentro dos protestos— ameaçarem os manifestantes com suspensões.

A Ucla não era uma delas até esta terça-feira (30), quando a instituição afirmou que o acampamento montado no campus na última quinta-feira (25) era ilegal e ameaçou suspender ou expulsar qualquer manifestante que estudasse na universidade e estivesse ali.

Na noite da véspera, uma briga havia eclodido após cerca de 60 manifestantes pró-Israel tentarem entrar no acampamento pró-palestino, segundo o New York Times. Confrontos do tipo têm sido particularmente intensos na universidade, onde as manifestações têm uma presença maior de ativistas judeus em relação a protestos em outros campus.

A cena se repetiu nesta terça. Ainda de acordo com o jornal americano, cerca de 200 contra-manifestantes começou a invadir o acampamento pró-palestino no final da noite e tentou retirar pedaços de madeira e barricadas de metal que protegiam o espaço. Os dois lados lançaram objetos, se envolveram em brigas e pulverizaram produtos químicos em confrontos que duraram várias horas.

Por volta das 3h30, os policiais se posicionaram entre os grupos, acalmando a agitação.

O jornal estudantil Daily Bruin também afirmou que a polícia foi enviada ao campus depois que apoiadores de Israel tentaram derrubar o acampamento. A UC Divest, coalizão que tem organizado os protestos na universidade, disse nas redes sociais que os estudantes no acampamento foram atacados por “fogos de artifício, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e outros”.

Em imagens transmitidas pela televisão, foi possível ver manifestantes arremessando objetos para o lado oposto. A emissora KABC, uma afiliada da ABC, mostrou pessoas empunhando pedaços de pau para atacar placas de madeira que protegiam os manifestantes pró-Palestina, que seguravam cartazes ou guarda-chuvas.

“Atos horríveis de violência ocorreram no acampamento esta noite e imediatamente chamamos a polícia”, disse Mary Osako, diretora de comunicação da universidade, em um comunicado por email. “O corpo de bombeiros e pessoal médico estão no local”, acrescentou. “Estamos enojados por essa violência sem sentido e ela deve acabar.”

Por email, a universidade disse nesta quarta que as aulas do dia foram canceladas e que policiais ficariam em todo o campus. Além disso, dois edifícios ao lado do acampamento —o Royce Hall e a Biblioteca Powell— permaneceriam fechados, segundo a mensagem.

As manifestações pró-Palestina das últimas semanas provocaram intenso debate nas universidades. Estudantes que protestam contra a ofensiva militar em Gaza, incluindo ativistas judeus pela paz, dizem estar sendo censurados por meramente criticar o governo israelense ou expressar apoio aos direitos dos palestinos. Outros grupos, porém, argumentam que a retórica dos protestos é antissemita e, portanto, não deve ser tolerada.

De acordo com o New York Times, houve prisões relacionadas a protestos pró-Palestina em pelo menos 30 campus em todo os EUA nas últimas semanas, incluindo na Universidade do Arizona e na Universidade Tulane, em Nova Orleans, na manhã desta quarta.

Só em campus de Nova York, 300 pessoas foram detidas na noite de terça, de acordo com o prefeito da cidade, Eric Adams. Segundo a polícia, foram presos 119 manifestantes em Columbia e 173 no City College of New York. Em uma entrevista coletiva nesta quarta, o democrata defendeu as prisões, elogiou a polícia e acusou os envolvidos no protesto de antissemitismo.

Ele ainda chamou os manifestantes de “desprezíveis” e disse que estrangeiros se infiltraram nos atos como parte de um suposto esforço global para “radicalizar jovens”. Segundo o New York Times, as autoridades não nomearam esses estrangeiros que estariam envolvidos nos protestos e se recusaram a dizer quantos não eram estudantes.

As detenções aconteceram após agentes de uma unidade de choque, equipados com capacetes e cassetetes, entrarem em Columbia para desocupar o Hamilton Hall, histórico edifício acadêmico rebatizado pelos manifestantes de Hind Hall, em homenagem a Hind Rajab, uma criança palestina de seis anos que morreu na guerra Israel-Hamas.

A abordagem não impediu que mais de 50 pessoas se reunissem nesta quarta nos arredores do Lincoln Center da Universidade Fordham, em Manhattan, ao sul da Universidade Columbia, para apoiar um acampamento que os estudantes montaram durante a noite.

Redação / Folhapress

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