SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Sabatinado durante uma hora nesta quarta-feira (10), o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) cometeu deslizes em falas sobre “mulheres incompetentes” e se contradisse sobre o apoio e o caso das joias pelo qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado.
Durante a entrevista a jornalistas da Folha de S.Paulo e do UOL, o ex-coach também escorregou em citações sobre a tarifa zero nos ônibus da capital aos domingos, disse ter vontade de comprar sites de notícias “para ver se controla esse país” e afirmou que “qualquer um pode ganhar R$ 1 milhão na internet”.
O empresário, investidor e influencer goiano de 37 anos tem 10% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha feita na semana passada, atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), empatados com 24% e 23%, respectivamente. José Luiz Datena (PSDB) marcou 11%.
Veja algumas das declarações do pré-candidato durante a entrevista:
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‘E SE ELA FOR INCOMPETENTE?’
O político foi questionado sobre a possibilidade de sua futura candidata a vice ser mulher e respondeu: “Eu espero que seja uma mulher”. Ao ser perguntado se não tinha poder de decisão sobre o assunto, rebateu: “Não funciona assim. Não é romance a política. […] Se eu falar ‘eu quero uma mulher’, e se ela for incompetente?”.
Em seguida, ele disse: “Agora pensa uma mulher competente, que não tem o mesmo ideal que eu, o que ela vai fazer com a prefeitura? Aí vou colocar o sexo em primeiro lugar e vou me ferrar. Por exemplo, o [ex-ministro da Justiça Sergio] Moro foi andar com o Bolsonaro, os dois não batiam o ideal, e aí o que aconteceu? Aquela vergonha.”
‘EU NÃO FALEI QUE PRECISA [SER CASADA]’
Ao falar sobre sua adversária Tabata Amaral (PSB), ele negou ter dito que é preciso ser casada e ter filhos para ser prefeita da cidade. Em um vídeo publicado nas suas redes sociais há duas semanas, Marçal afirma que a deputada federal é solteira, “tem um bom garoto que ela namora”, “mas não sabe o problema de um casamento, não sabe o problema do que que é ter filho, ela não dá conta de cuidar dessa cidade como você imagina”.
Já na sabatina, ele declarou: “Eu não falei que precisa disso. Eu falei que ela é uma garota e tem que amadurecer. Inclusive vocês [repórteres] são mulheres brilhantes, têm suas carreiras. Eu respeito as mulheres, eu tenho minha filha de dois anos, minha esposa que casei virgem, minha única namorada, tenho minha mãe que desde que meu pai divorciou eu sustento ela”.
Ele então foi questionado se acredita que mulheres têm que ser sustentadas: “As que precisam, sim. Tem as dona Marias que não têm como, elas precisam de ajuda. As que não, [as que] dão conta, podem fazer o que quiserem”, respondeu.
‘BOLSONARO QUE ARQUE COM ISSO’
O empresário também se contradisse ao ser perguntado sobre a culpabilidade ou não de Bolsonaro no contexto da investigação sobre a venda de joias recebidas como presente pelo governo brasileiro. “Se não pode vender no exterior, ele que arque com isso”, declarou em um primeiro momento.
Depois, porém, passou a defender o ex-presidente. “É uma pena ver isso, esse bombardeio da mídia em cima do Bolsonaro”, afirmou, sugerindo que a cobertura é uma forma de desviar a atenção da população do aumento do gás e da gasolina no governo Lula (PT). “Se ele não pode ficar com os presentes, eu duvido que ele vá ficar, é só devolver”, disse.
‘EU NÃO FALEI [QUE QUERIA O APOIO]’
O pré-candidato do PRTB também negou já ter dito que gostaria do apoio de Bolsonaro, ao contrário do que afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo há pouco mais de um mês. Na época, ao ser perguntado se queria o respaldo do ex-presidente, ele respondeu: “Quem não gostaria?”.
Nesta quarta, ele rebateu: “Eu não falei isso, isso são palavras suas [da repórter]. Todas as vezes que vocês falarem você falou, abrindo aspas, eu vou corrigir”.
‘O POVO NÃO QUER FICAR RODANDO NA CIDADE NO FINAL DE SEMANA’
Outro assunto em que o influenciador deu respostas conflitantes foi a tarifa zero nos ônibus de São Paulo aos domingos. Questionado se manteria a medida do atual prefeito Ricardo Nunes caso eleito, o influenciador primeiro afirmou que “o povo não quer ficar rodando na cidade no final de semana, eu imagino. A pessoa quer descanso”.
Depois, porém, disse que “vai perguntar para o povo”. “Imagina eu falar que vou manter ou revogar, eu vou perguntar para as pessoas. Se é um direito adquirido e está tudo certo… Ah, mas isso custa tantos milhões, mas isso é benefício para o povo, o povo gosta disso? Que mantenha. Não está faltando dinheiro.”
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Colaborou Carolina Linhares
JÚLIA BARBON / Folhapress