Marco Pigossi protagoniza filme gay dirigido pelo seu marido nos Estados Unidos

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Marco Pigossi, conhecido por papéis de galã em novelas como “Fina Estampa” e “A Força do Querer”, tem se dedicado ao cinema. No Festival do Rio, onde esteve na semana passada com seu marido, Marco Calvani, estreou os filmes “Maré Alta” e “Maníaco do Parque”.

“Maré Alta”, escrito e dirigido por Calvani, porém, parece ter uma conotação mais pessoal. No longa, Pigossi é um imigrante brasileiro nos Estados Unidos, que decidiu ficar pelo país após viajar até lá com o namorado, que o largou.

Lourenço, personagem do ator, começa a vivenciar sua sexualidade de forma mais intensa —sem as amarras familiares e de religião que o limitavam no Brasil. Com cenas de sexo ora violentas, ora apaixonadas, o longa joga luz sobre padrões tóxicos de comportamento reproduzidos no meio queer.

É difícil não lembrar da trajetória pessoal de Pigossi, que também se mudou para Los Angeles em 2018. Reconhecido como galã de novelas, o ator desabafou diversas vezes, depois de falar publicamente sobre sua sexualidade, sobre o medo de sofrer preconceito por ser gay.

“Eu emigrei de uma maneira muito diferente [de Lourenço], com uma carreira construída e documentos. Mas, de alguma maneira, todo mundo tem essa sensação de não pertencimento até que se encontre a sua família”, diz Pigossi. “O filme não pede licença para ser gay, ele simplesmente é.”

Calvani diz que já estava escrevendo o roteiro de “Maré Alta” quando conheceu Pigossi —os dois se casaram em dezembro do ano passado, depois de quatro anos juntos—, mas que a união com o brasileiro influenciou os rumos do filme.

“Quando nos encontramos, ele me contou a sua história. Naquela época, ele ainda não era assumidamente gay, e me contou suas dificuldades, sua dor, e acabou influenciando o personagem”, diz o diretor. “O filme tem um romance curto, que dura apenas cinco dias, e o nosso amor já tem quatro anos. Esse amor se infiltrou no texto. Mais do que um filme, esse é o nosso primeiro filho.”

Calvani, que trabalha já há uma década escrevendo peças e roteiros entre Itália e Estados Unidos, conta que “Maré Alta” foi a primeira trama que criou com um protagonista homossexual. “Senti que era necessário”, diz, referindo-se a ascensão do governo conservador de Giorgia Meloni na Itália, e a possível eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, candidatos com posições contrárias ao avanço de pautas LGBTQIA+.

“Maré Alta” ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

A jornalista viajou a convite do Festival do Rio

ALESSANDRA MONTERASTELLI / Folhapress

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