SALVADOR, BA (UOL/FOLHAPRESS) – O zagueiro Marquinhos, um dos líderes da atual seleção brasileira, fez um pedido à torcida neste domingo:
“Não abandonem a seleção brasileira. É meu terceiro ciclo de Copa e posso dizer que todos que estão aqui vestir essa camisa vêm com muito orgulho, fé, esperança, dignidade”.
A fala do defensor vem em um contexto de altos e baixos da seleção, que ainda tenta engrenar sob o comando de Dorival Júnior. Há uma expectativa para 2025 em relação ao retorno de Neymar.
“Ney estando feliz e bem fisicamente, com saúde bem, vai impactar muito no jogo dele e com certeza volta à seleção 100%. Pela capacidade. Dependerá muito dele, de onde estiver, se for no Santos, Arábia ou Europa. Pela capacidade que tem, precisa reencontrar ritmo de jogo após lesão, é muito difícil. Reencontrando isso, as portas da seleção estarão abertas. É um grande jogador, não há dúvidas do que ele pode fazer. Precisamos de tempo para ele se encontrar após a lesão e com certeza ele vai voltar para cá”.
Marquinhos é um dos mais experientes no grupo atual e tem sido capitão, já que Danilo chegou a virar reserva de Vanderson -mas deve voltar contra o Uruguai, nesta terça-feira (19).
“Nem sempre o resultado vem, momentos de oscilação, piores ou melhores, mas vestimos essa camisa com dignidade. Muita coisa influencia para perderem esperança na seleção, mas nós pedimos para que não percam”, completou o defensor.
Liderança no grupo e críticas aos jogadores de outros ciclos: “A gente sabe que o futebol é dinâmico, muita coisa acontece, oportunidades acontecem e eu acredito no preparo e conhecimento. Eu não começaria a jogar, mas por lesão do Militão eu tive oportunidade de jogar. O preparo que eu tive, eu poderia simplesmente virar as costas para a ocasião, abaixar a cabeça, não treinar direito e ficar no meu canto, triste e desapontado. Mas eu continuei lutando. Tenho 30 anos, Danilo com 32, atingimos maturidade de saber que o nosso papel é muito importante, principalmente nessa transição, de momento difícil, muitos jogadores jovens chegando”.
Papel dos experientes: “Tentamos sempre ajudar da melhor forma, sendo exemplo, conversando, em reuniões, articulando com ideias e opiniões. Tentamos fazer nosso papel da melhor forma. Danilo não jogou, mas participou muito no banco e no dia a dia, nos treinos e em reuniões. Futebol é mais que as quatro linhas, nem tudo acontece ali. A seleção é assim, tudo muito dinâmico, quem vem tem que entregar tudo que pode, com aquilo que está ao alcance. Se não for jogando, que seja treinando bem, aumentando competitividade para os que vão jogar”.
*
O QUE MAIS MARQUINHOS DISSE
Dinâmica no meio-campo com André ou Gerson/Bruno Guimarães – proteção à defesa
“Estamos muito bem servidos no meio-campo, temos grandes jogadores, de alto nível há muito tempo. Acostumados com peso de assumir essa posição. Foi uma posição do Casemiro há muito tempo. Ganhando maturidade, eles assumem responsabilidade, o professor entende cada vez mais os jogadores. O time só tem a crescer, melhorar. A nossa proteção na defesa, na zaga, não passa só por esse cara ali [volante]. É pressão dos atacantes, reação pós-perda, compactação. Analisamos bem isso nos últimos dias para melhorarmos. Estamos muito bem servidos. Bruno em grande time da Europa, Gerson em temporada incrível. André, Paquetá Estamos muito bem servidos. O professor se sente à vontade e quem estiver ali vai estar cada vez mais adaptado ao nosso jogo”.
Colocação na tabela
“Difícil falar, o futebol é dinâmico. Estávamos em posição difícil, existiu muita crítica, muitos pontos negativos, muitas questões, dúvidas. É normal. Temos o objetivo de nos classificar da melhor forma. Duelos diretos são muito importantes. Temos objetivos de longo prazo e curto prazo também. Não se preocupa muito com a tabela porque temos o próximo jogo como objetivo e foco, mas consequentemente vemos a tabela, classificação. É difícil falar, a gente não se preocupa muito com a tabela desde que estejamos em posição confortável. Se não acontecerem os objetivos, a tabela tem essa importância, gera expectativa, positivas ou negativas. Temos que focar realmente nesse próximo jogo, que é muito importante. Duelo de ponta de tabela. É um objetivo nosso ganhar para subir na tabela e estar em posição confortável, trabalho mais fluído. Se jogarmos bem vamos ganhar e subir na tabela”.
Avaliação do sistema defensivo
“Tivemos dois ou três dias depois do jogo da Venezuela, conversamos muito, vimos muitos vídeos e análises. Logo na sequência vimos o que fizemos, as reuniões, as ideias da comissão e conversamos bastante. São detalhes. Jogo de seleção, de Copa, de Champions League, jogos de alto nível são definidos nos detalhes. Existem muitas ideias de jogo no futebol, a nossa é bem estabelecida, a Venezuela tinha outra. Não podemos dizer o que é correto, existem preferências. Vamos cometer alguns erros nessa transição, tudo muito novo, muita mudança de jogador e de time. Mas temos cometido menos erros. Isso me deixa muito feliz. O feedback nos vídeos da comissão foi de menos erros em relação à Copa América e jogos anteriores. Vemos crescimento bom, melhoramos em muitas coisas, principalmente ofensivamente. Na Copa América principalmente. Temos que equilibrar, saber que detalhes importantes. Último jogo com calor, campo, obstáculos, temos que saber que cada vez mais os detalhes serão importantes. Falamos de defesa e ataque, mas ataque não é atacante e defesa é zagueiro. É muito além. Vimos nossos erros, vamos corrigir e colocar em prática no próximo jogo”.
2024 mais estável após turbulências em 2023
“Com certeza. A estabilidade na seleção é muito importante. No clube há dia a dia maior, mais jogos frequentemente, mais dinâmica com treinador, estafe e jogadores. É uma dinâmica diferente da seleção. Dorival e estafe entendem cada vez melhor como funciona a seleção, as Eliminatórias, e isso dá uma casca ao grupo e para eles em busca dos objetivos. A estabilidade desde os primeiros amistosos até neste domingo (17) Aconteceram erros, é normal, começo de ciclo e de transição com muitas mudanças. A gente aprende com os erros e essa estabilidade dá segurança para errar, aprender com o erro, corrigir e afirmar naquelas coisas bem feitas. A gente vê isso como ideia, como padrão. Professor entende quem tem na mão, como podemos atuar, se jogar contra seleções sul-americanas como funciona, tudo muito rápido e apressado. Esse tempo junto e sem mudança foi bom para terminarmos o ano com estabilidade e segurança na nossa ideia”.
LUCAS MUSETTI PERAZOLLI / Folhapress