SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os pilotos de um voo da Azul que iria do Rio Grande do Norte para Minas Gerais nesta segunda (22) precisaram realizar um desvio de rota sob declaração de emergência cerca de 25 minutos após a decolagem. O avião retornou e pousou em segurança no mesmo local de onde havia decolado, o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, e ninguém se feriu.
Ao relatar a situação ao controle de tráfego aéreo, um dos pilotos da aeronave repete três vezes o termo “mayday”.
A palavra faz parte do vocabulário padronizado pela OACI (Organização da Aviação Civil Internacional) para a comunicação durante voos, assim como uma série de outras expressões utilizadas em momentos de alerta ou atenção.
A pedido da reportagem, Mauricio Prado, assessor executivo da Abrapac (Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil) e investigador de acidentes aéreos, listou alguns dos principais códigos e expressões usados por quem pilota e seus significados. Veja a seguir:
MAYDAY
A expressão usada para emergências em aeronaves surgiu em 1923, pelo oficial inglês Frederick Stanley Mockford. A origem está na palavra M’aidez (“Me ajude”, em francês) e foi cunhada para ajudar na comunicação de voos entre a França e a Inglaterra
A frase substituiu o famoso SOS, usado quando a comunicação não era feita pelo rádio, mas por telégrafo, com código morse. O termo pode ser usado em caso de fogo a bordo, motor parado e até para avião já acidentado, por exemplo.
PAN-PAN
Quando se fala em condições de urgência, porém menos sérias do que o mayday, o termo utilizado é Pan-Pan, adaptado de outra palavra em francês, panne (“pane”).
A expressão pode ser usada em contextos variados, para o caso de um passageiro que precisa de atendimento médico ou quando há falha em equipamento não vital, que não caracterize emergência, por exemplo. Quando este termo é usado, o avião também é tratado com prioridade no momento do pouso.
CÓDIGO 7500
Todo avião comercial tem um equipamento chamado transponder, em que se digita uma sequência de quatro dígitos, que inicialmente corresponde a uma identificação da aeronave, mas que também pode comunicar uma situação de alerta.
Caso o código seja 7500, o recado é de que há uma interferência ilegal no avião, como um sequestro ou invasão da cabine, por exemplo.
CÓDIGO 7700
Seguindo a lógica do código anterior, a sequência 7700 indica uma emergência, podendo acompanhar a expressão “mayday” via rádio ou não.
CÓDIGO 7600
Este terceiro código, quando marcado no transponder, corresponde a uma falha de comunicação, que pode sinalizar um problema no rádio ou no microfone, por exemplo.
ARREMETER
Dentre as manobras de um avião, a arremetida é uma das mais comuns e acontece quando o piloto está pronto para pousar, mas desiste do pouso por algum motivo de segurança, como fortes rajadas de vento. O piloto então volta a subir a aeronave antes de tentar pousar novamente.
Mauricio Prado, da Abrapac, afirma que na maior parte das vezes a arremetida é apenas um ajuste e ressalta que não há motivo para pânico entre os passageiros.
ABORTAR OU REJEITAR A DECOLAGEM
No momento em que o avião acelera na pista para alçar voo, é possível que o piloto note algum problema no avião e decida não decolar. Há, então, uma freada brusca, chamada rejeição de decolagem.
A partir dali, a aeronave é direcionada para um local onde possa ser feita uma checagem e uma eventual manutenção antes de partir para a decolagem novamente.
No universo náutico também existe uma série de termos que falam de manobras importantes para a segurança, algumas inclusive compartilhadas com a aviação, caso do mayday. Presidente da Acatmar (Associação Náutica Brasileira), Mané Ferrari listou alguns dos termos mais importantes:
HOMEM AO MAR
Intuitiva, a expressão serve para avisar quando há pessoa no mar, em perigo. Ao termo se soma ainda a direção -homem ao mar “a bombordo” (esquerda) ou “a boreste/estibordo” (direita).
ARRIBAR
Especialmente para veleiros, é a orientação usada para girar a frente do barco (proa) a fim de afastá-lo da direção de um vento forte, que pode causar riscos.
VENTO DE TRAVÉS
Expressão usada para se referir a um vento perigoso, que atinge o barco de lado e pode até virar a embarcação se não houver cuidado.
TRIM
A depender da profundidade (ou “calado”, no jargão náutico) em que se navega, é preciso subir ou descer o motor do barco para que não atinja pedras ou se arraste na areia, por exemplo. Para isso é acionado o trim do barco, responsável por esse ajuste.
PEDRO LOBO / Folhapress