MC negra acusa agentes da CPTM de agressão em trem em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Conhecida como “rimadora de vagão”, a MC Kisha, 20, acusa agentes da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) de agressão a ela e a um grupo de amigas na estação da Luz. Segundo a artista, ela e as outras MCs, todas negras, foram retiradas com agressividade de um trem da linha 7-rubi ao voltarem de uma batalha de rimas na zona sul de São Paulo, na noite do último domingo (10).

Em relatos nas redes sociais, Kisha contou que faziam rimas improvisadas no vagão, sem passar “caixinha”, e seguranças pediram para que parassem. As jovens então teriam começado a debater racismo e causas sociais e acabaram retiradas do trem após uma discussão com os seguranças.

Segundo a MC, uma agente chegou a arrancar suas tranças pela raiz, deixando uma falha no couro cabeludo.

“Eu tô cansada. Dessa vez eu estava acompanhada. E quantas vezes eu passei por isso sozinha? Pelo amor de Deus, deixem a gente em paz”, escreveu após o ocorrido. “Meu coração tá partido. Demorou muito tempo para eu conseguir fazer o meu cabelo”.

Kisha conseguiu apoio jurídico para encaminhar o caso ao Ministério Público. Na segunda-feira (11) ela foi ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de corpo de delito.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) encaminhou ofícios à CPTM e ao governo de São Paulo afirmando que o grupo foi retirado com violência do vagão. No documento a parlamentar pede que o caso seja investigado com celeridade e que a CPTM adote medidas de combate à violência, ao racismo e à discriminação em seus espaços.

“Sabemos que toda essa truculência é reservada apenas a uma parcela da nossa sociedade: a parcela negra. E isso se evidencia quando uma MC tem suas tranças arrancadas por estar rimando com suas amigas”, afirmou.

Procurada, a CPTM afirma que o grupo tumultuou a viagem dos demais passageiros e que uma vigilante foi agredida por uma das mulheres após a ordem para que desembarcassem do trem. Diz, ainda, que vai apurar a abordagem às jovens e que está à disposição das autoridades.

Ainda de acordo com a companhia, o grupo foi retirado do trem e encaminhado ao 2º DP (Bom Retiro).

“A companhia reitera que não tolera nenhum tipo de violência nos trens e estações, seja por parte de seus colaboradores ou passageiros que utilizam o sistema. Caso seja constatada irregularidade na atuação da equipe de segurança, serão adotadas medidas administrativas”, diz nota oficial da CPTM.

CRISTINA CAMARGO / Folhapress

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