Mega-ataque russo deixa 1 milhão no escuro na Ucrânia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Rússia promoveu ao longo da noite desta quinta (28) um dos maiores ataques com mísseis da Guerra da Ucrânia, mirando o setor energético do país vizinho e deixando pelo menos 1 milhão de pessoas sem eletricidade.

A ação chamou a atenção por ter sido a que empregou a maior quantidade dos modernos mísseis de cruzeiro Kalibr, que vinham sendo economizados nos últimos meses para uma campanha visando a moral ucraniana: os apagões constantes a que o país já é submetido vão piorar, e o inverno começa em menos de um mês.

Nesta manhã, Kiev já registrava temperaturas levemente negativas. Além da capital e sua área metropolitana, foram atingidas mais duramente outras duas regiões, além de ataques pontuais a outras três.

Ao todo, foram lançados 97 drones, apenas 35 dos quais foram abatidos, segundo Kiev. Também vieram os mísseis: 85 Kalibr (76 abatidos), 3 modelos de cruzeiro Kh-59 (todos derrubados) e 3 mísseis terra-terra disparados pelo sistema S-300, que não foram interceptados.

São números, claro, dos ucranianos, impossíveis de serem checados. O maior ataque relatado da guerra ocorreu em agosto, com 127 mísseis e 109 drones. Ainda assim, chama a atenção o emprego do Kalibr, que foram lançado de navios no mar Negro, pelas informações disponíveis.

São armas caras, que podem custar entre US$ 1 milhão (quase R$ 6 milhões) e US$ 6,5 milhões (R$ 39 milhões), no caso de uma versão exportada. Um drone de ataque Shahed-136 sai por US$ 20 mil (R$ 120 mil). Mísseis de cruzeiro são subsônicos, logo mais fáceis de abater, e voam de forma inteligente, desviando do terreno, com alto grau de precisão.

Como a Folha de S.Paulo havia mostrado, as forças de Vladimir Putin vinham economizando esses modelos caros nos últimos meses, de olho na ação nos meses frios. Sem eletricidade, além de escuro, o sistema de aquecimento público é afetado porque precisa de bombas para enviar a água quente por canos nas grandes cidades.

Só no ataque desta quinta, foram empregados mais Kalibr do que todos os mísseis, 84, disparados em outubro -que, nas contas de Kiev, viu um uso maciço de drones, recordes 2.023, lançados sobre a Ucrânia.

O presidente Volodimir Zelenski disse que os mísseis traziam munição do tipo cluster, de fragmentação, que é amplamente condenada mundo afora mas usada por ambos os lados no conflito. Com isso, mesmo abatidas, as armas tiveram potencial de causar estragos em solo -há relatos de danos em alguns edifícios, sem vítimas até aqui.

No Facebook, o ministro da Energia ucraniano, German Galuschenko, anunciou apagões controlados em todo o país para tentar a aliviar a pressão sobre a rede enquanto consertos são feitos. Áreas de Kiev e Lviv, principal cidade do oeste da Ucrânia, seguem no escuro.

As três centrais nucleares operacionais no país foram desconectadas da rede por segurança, evitando variações de tensão. Até a campanha atual, os russo já tinham destruído ou tomado, no caso da usina nuclear de Zaporíjia, 2/3 da capacidade de produção de eletricidade do vizinho que invadiram em 2022.

A ação desta noite foi “uma escalada desprezível no terror russo”, disse Zelenski, voltando a pedir ajuda do Ocidente para ter mais baterias de defesa aérea, um item complicado de se obter em quantidade por ser limitado mesmo entre países da Otan, a aliança militar liderada pelos EUA.

A campanha vem após a elevação da tensão entre Putin e o Ocidente na semana passada. Em resposta ao aval de Washington e aliados para o emprego de armas de maior alcance contra alvos na Rússia, o presidente fez um ataque demonstrativo com um míssil balístico de alcance intermediário, desenhado para guerras nucleares e com múltiplas ogivas.

Na sequência, assoprou, garantindo que manterá os EUA informados do lançamento desse tipo de arma, ainda em teste, para evitar confusões que levem a uma troca de fogo atômico. Ato contínuo, voltou à campanha contra o sistema energético, com o segundo ataque maciço só nesta semana.

Segundo relatos iniciais, a Ucrânia só empregou um míssil de fabricação caseira Netuno contra a Rússia nesta quinta até aqui, e os militares de Moscou dizem tê-lo abatido.

IGOR GIELOW / Folhapress

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