Melhoramento genético garante vacas com mais produtividade de carne e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Melhoramento genético garante vacas com mais produtividade de carne, e que valem milhões. Fundo árabe Mubadala mira biocombustíveis no Brasil e outras notícias do mercado nesta segunda-feira (6).

SUPERVACAS QUE VALEM MILHÕES

As vacas de hoje não são como as de ontem. Em 20 anos, o peso médio do gado abatido no Brasil aumentou 14%, ao mesmo tempo em que a produção de carne por hectare saltou 36%.

Entenda: os números são resultado do avanço da genética. O chamado melhoramento genético permite que os animais tenham um perfil mais benéfico para que a produtividade e o ganho financeiro sejam maiores.

Isso é feito com a escolha das melhores matrizes e touros que serão os pais da geração seguinte e com cruzamento entre animais de raças diferentes;

Com essas combinações, os animais passaram a ter ganhos em seu peso, indo mais rápido para o abate, o que gera mais lucros.

Vaca de ouro? O maior exemplo é o da vaca Viatina-19 FIV Mara Móveis, que teve um terço de seus direitos vendidos num leilão em junho de 2023 em Arandu (SP) por R$ 6,993 milhões.

↳ Seu valor total foi avaliado em cerca de R$ 21 milhões (R$ 21,61 milhões, corrigidos pela inflação), um recorde mundial.

↳ Caro? Pode até ser, mas ela também é lucrativa. Nos 12 meses anteriores ao leilão que “precificou” Viatina, ela já havia gerado R$ 7,04 milhões aos donos.

A associação do setor destaca que o ganho na produtividade faz diferença principalmente ao se considerar o tamanho do rebanho brasileiro, de 42 milhões de cabeças de gado, e que ainda há espaço para animais melhores.

No último ano, o agronegócio foi o principal motor da economia brasileira. Esta série da Folha explica o impacto do setor nas regiões onde ele é forte e o que está por trás dos ganhos nos últimos anos.

STARTUP DA SEMANA: INDICIUM

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que anunciou uma captação recentemente.

A startup: fundada em 2017, a catarinense Indicium oferece consultoria em gestão e análise de dados, inteligência artificial e Business Intelligence.

Em números: a captação Series A chegou a R$ 200 milhões.

Quem investiu: o fundo norte-americano de venture capital Columbia Capital. Essa é a primeira vez que o Columbia aporta em uma empresa brasileira.

Que problema resolve: ela oferece soluções para a construção de “data-driven culture” nas empresas, com otimização de tarefas, capacidade de prever movimentos e tomada de decisão mais segura, baseada em dados.

Com a metodologia “Modern Data Stack”, a empresa afirma que os clientes podem usar a inteligência artificial para processamento e análise de dados.

Por que é destaque: a Indicium quer ampliar a atuação no mercado norte-americano, de onde já vêm ⅓ da receita, e montar um time local. Segundo a empresa, o negócio cresce num de ritmo de 100% a 150% ao ano.

Entre os clientes da Indicium estão a Pepsico, Bayer, Burger King e Volvo.

MUBADALA MIRA BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL

O Mubadala Capital de Abu Dhabi pretende investir cerca de US$ 13,5 bilhões (cerca de R$ 68,3 bi) em biocombustíveis no Brasil ao longo da próxima década. O projeto faz parte de planos mais ampols para o país que incluem a criação de uma nova Bolsa de Valores.

Quem é: uma subsidiária do Mubadala Investment Company, fundo soberano de US$ 280 bilhões dos Emirados Árabes Unidos.

O que eles pretendem: produzir diesel renovável e querosene de aviação “sustentável”, principalmente usando material vegetal não alimentar. O plano é desenvolver biorrefinaria com capacidade para processar 20 mil barris de combustível por dia, infraestrutura associada e áreas plantadas para cultivar a matéria-prima.

↳ “O Brasil é para a agricultura o que Abu Dhabi é para o petróleo”, afirmou o chefe da Mubadala Capital, Oscar Fahlgren ao Financial Times.

Petrodólares: o momento é de efervescência de aportes de países como Arábia Saudita e Emirados Árabes em empresas brasileiras. Seus investimentos vão desde linhas de metrô e universidades médicas até uma participação majoritária em gigante de fast food.

O Mubadala vem comprando ações da Zamp, grupo responsável pelas operações do Burger King no país, após ter sua oferta de aquisição recusada em 2022. Hoje o fundo é o maior acionista da empresa, com 38,5%.

O Salic, fundo soberano da Arábia Saudita, comprou em julho de 2023 10% do capital da BRF por R$ 1,6 bilhão via oferta de ações.

A Manara Minerals, outra empresa ligada ao reino da Arábia Saudita, adquiriu também em julho 10% da unidade de metais básicos da Vale, que foi avaliada ao todo em US$ 26 bilhões.

BYE BYE, POUPANÇA

Foi-se o tempo em que a poupança era o sinônimo de investimento para o brasileiro. Dados divulgados pelo Banco Central na última semana reforçam a tendência de fuga do produto.

Bye bye: a cada R$ 1 retirado da poupança em 2022, R$ 0,72 foram direto para outro tipo aplicação.

O levantamento analisou dados de mais de 57 milhões de clientes dos maiores bancos do país —Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander;

Dos R$ 201 bilhões que migraram para outros produtos, R$ 37 bilhões foram apenas para os CDBs;

Em segundo e terceiro lugar, vêm as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), com aportes de R$ 34 bilhões e R$ 17 bilhões, respectivamente.

Os dados mostram que o movimento foi impulsionado principalmente por investidores de alta renda. Assim, houve a redução da representação da poupança em suas carteiras de 55% para 37%.

O que explica a fuga? O rendimento menor da poupança na comparação com outros investimentos.

↳ Valores aplicados na caderneta de poupança rendem ao redor de 0,5% ao mês, resultando num rendimento bruto próximo de 7,2% ao ano.

↳ A taxa básica de juros do país, Selic, está em 10,75%, o que faz com que opções atreladas a ela tenham vantagem, casos do Tesouro Selic e de muitos dos CDBs de grandes bancos.

Por isso, especialistas em finanças não recomendam a poupança, já que o retorno é baixo. Entenda melhor aqui.

Redação / Folhapress

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