SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O debate entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado neste sábado (28) pela Record, foi marcado por ataques direcionados aos líderes das pesquisas eleitorais, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).
Após o eleitor ter presenciado episódios de agressão, desta vez não houve nenhum caso de violência. E os postulantes não elevaram tanto o tom contra seus adversários como em programas anteriores.
Pablo Marçal (PRTB) foi isolado pelo restante dos candidatos. Ele também foi o único advertido por desrespeitar as regras –no primeiro bloco, ele se referiu a Boulos pelo apelido jocoso “Boules”, pediu desculpas, mas mesmo assim recebeu a punição.
Ainda estiveram no confronto Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo).
Veja abaixo algumas frases do encontro:
VENEZUELA
Tabata Amaral citou a ditadura na Venezuela para confrontar Guilherme Boulos sobre seu posicionamento em relação ao país vizinho.
“Você dizia que era a favor da descriminalização das drogas, agora é contra. Nessa semana, você mudou de posição em relação à Venezuela, e diz que é uma ditadura. Mas o partido mantém as mesmas posturas”, Tabata Amaral, no primeiro bloco
O candidato do PSOL lamentou o fato de a adversária ter trazido um assunto internacional para o debate sobre a capital paulista.
“Em uma cidade do tamanho de São Paulo, o prefeito não governa só para o seu partido, só para as suas ideias, mas para a cidade inteira. É isso que vou fazer”, Guilherme Boulos, no primeio bloco
FARPAS
Marçal e Nunes trocaram acusações já na primeira interação entre os dois. O autointitulado ex-coach pediu que o atual prefeito de São Paulo desse explicações sobre o inquérito na Polícia Federal conhecido como máfia das creches.
“Não quero ser injusto com você, como eu estou acompanhando [o caso] bem próximo, mas existe lá pagamento no seu nome, no nome de familiares. E queria que você desse uma explicação. Ninguém tá criticando a prefeitura, nós estamos mostrando a pessoa que toca a prefeitura”, Pablo Marçal, no primeiro bloco
A PF investiga o prefeito sob suspeita de lavagem de dinheiro no caso –Nunes nega qualquer irregularidade. Na réplica, o emedebista citou o passado do influenciador com a Justiça, incluindo o processo que fez Marçal ser preso em 2005 e condenado por furto qualificado em 2010.
“Olha, Pablo Henrique, quem fugiu da polícia foi você […] Minha vida é limpa, nunca tive condenação, e nunca terei. Você é um mentiroso contumaz”, Ricardo Nunes, no primeiro bloco
DEMOCRACIA
José Luiz Datena, que deu uma cadeirada em Pablo Marçal no debate realizado pela TV Cultura, falou sobre os ensinamos desta corrida eleitoral e celebrou que o embate terminou sem violência.
“Melhor respeitar a democracia do que apanhar. Isso foi um dos ensinamentos maiores desta campanha. E acho que foi cumprida a nossa palavra, e respeitada a democracia aqui”, José Luiz Datena, no terceiro bloco
Já Marina Helena aproveitou um embate com Guilherme Boulos para defender os detidos pela depredação do patrimônio público em Brasília, em 8 de janeiro.
“Tem gente que escreveu [em monumento público] com batom e está longe do convívio da família até hoje”, Marina Helena, no segundo bloco.
CAMINHAR SÓ
Isolado pelo restante dos candidatos, Marçal fez discurso contra o sistema.
“Meu sonho no futuro do Brasil, e bem próximo, é que a gente não precise de partido político para ter viabilidade eleitoral”, Pablo Marçal, no segundo bloco.
DOBRADINHA
Ricardo Nunes se esquivou ao ser questionado se Jair Bolsonaro (PL) indicaria cargos em sua gestão –o vice de Nunes, o coronel Ricardo de Mello Araújo, foi uma escolha do ex-presidente.
Em vez de responder à pergunta, o atual prefeito elogiou Mello Araújo. Boulos criticou o coronel por ter dito que a abordagem policial na região dos Jardins tem de ser diferente da periferia.
“É inaceitável. Quero ser prefeito de São Paulo para que o morador de periferia seja tratado do [mesmo jeito] que o dos Jardins”, Guilherme Boulos, no segundo bloco.
Nunes rebateu, citando a trajetória de Boulos no movimento sem-teto. Ele criticou o psolista por ter recomendado o arquivamento do processo no Conselho de Ética da Câmara contra deputado federal André Janones (Avante-MG) por suspeita de “rachadinha”.
“Você nunca fez nada, a não ser ir lá e liberar o Janones que fez rachadinha. Sua única grande ação como político foi lá, além de ter feito as invasões”, Ricardo Nunes, no segundo bloco.
ALVO
Marina Helena perguntou a Guilherme Boulos se ele apoia a expropriação de empresas e a luta contra o capitalismo. O candidato rebateu, dizendo “o que isso tem a ver?”, e voltou a atacar o prefeito Ricardo Nunes.
“É isso que importa [propostas para a cidade]. Não essa conversinha mole de quem não conhece São Paulo ou então de quem teve a chance e não fez. Ricardo Nunes ficou três anos e meio. Ele teve a chance. A cidade está pior”, Guilherme Boulos, no Terceiro bloco.
TRAJETÓRIA
Guilherme Boulos se defendeu de ataques sobre sua trajetória dentro no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto.
“Como prefeito não vai acontecer ocupação, porque ocupação só acontece quando não tem política de moradia”, Guilherme Boulos, no segundo bloco.
IDADE
Tabata Amaral respondeu àqueles que a criticam por ser jovem demais para assumir a prefeitura.
“Viram e falam [sobre mim]: ‘É ótima, mas é nova’. E desde quando ser nova é ruim? Está faltando gente com energia, com disposição”,Tabata Amaral, no segundo bloco.
TEMPERAMENTO
Questionado sobre seu temperamento, o apresentador José Luiz Datena disse que vai defender o povo de São Paulo com coragem.
” Quanto a sua colocação de destempero, me desculpe. Eu vou respeitar a democracia e o povo e responder com a maior fineza possível. Se você fosse chamada pelas palavras que eu fui chamado, de um crime que jamais respondi, não sei qual seria a sua reação. Se atacarem o povo de São Paulo, ele vai ter a minha defesa com a minha coragem”, José Luiz Datena, no segundo bloco.
Redação / Folhapress