SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira fase do restauro do Mercado Municipal Paulistano, o Mercadão, será entregue oficialmente nesta segunda-feira (20), após um ano e meio de atraso e investimento de aproximadamente R$ 40 milhões da empresa concessionária, a Mercado SP.
A troca completa dos 6.000 m² de piso interno, reparos nos ornamentos da fachada e dos pilares de concreto, pintura, reforma do telhado, limpeza dos vitrais e novas instalações elétricas estão entre os principais itens da obra. É a primeira reforma no edifício histórico desde 2004, quando a gestão Marta Suplicy (PT), instalou o mezanino.
Faltam a reforma das calçadas no entorno, a construção de 1.200 m² de novos mezaninos, a instalação de restaurantes nas duas cúpulas do prédio e a reforma de um terraço, que será aberto para visitação. Além disso, por exigência do contrato com a prefeitura, a concessionária precisa entregar até agosto a reforma do centenário mercado de verduras Kinjo Yamato, em frente ao Mercadão.
A meta é entregar tudo isso até agosto –e não só a reforma no Kinjo– segundo o presidente da Mercado SP, Aldo Bonametti. “O que falta agora [no Mercadão] não são intervenções tão complexas quanto foi o restauro, então acreditamos que elas podem ser feitas de forma mais rápida”, diz ele. “A fase que entregamos agora foi muito mais complexa.”
Várias previsões de entrega acabaram adiadas desde 2021, quando a empresa venceu a licitação e assinou o contrato para administrar os dois mercados públicos, ainda na gestão do tucano Bruno Covas (1980-2020).
O prazo anterior era que a primeira fase das obras fossem entregues até novembro do ano passado, mas a gestão Ricardo Nunes (MDB) aceitou o adiamento para 2025.
Segundo Bonametti, a construção dos novos mezaninos hoje está na fase de estudos e cálculos para as fundações. Ele acredita que a estrutura pode começar a ser erguida em fevereiro.
A estrutura de cinco das nove claraboias no telhado foram trocadas, assim como toda a tubulação de água e esgoto subterrânea.
Há mudanças no local mais sutis do que a nova pintura, as novas tampas de bueiro no corredor central — que estavam enferrujadas– ou o restauro no nariz de uma das esculturas da fachada –que estava quebrado. No ano passado, o Mercadão passou a ter, pela primeira vez, seus próprios geradores de energia a diesel.
São três equipamentos, ao custo de aproximadamente R$ 4 milhões. Durante a crise de apagões após tempestades ao longo do ano passado, o local passou incólume apesar das quedas de energia do entorno, poupando os donos de mercados e restaurantes de prejuízos.
Os atrasos se explicam pela pandemia de Covid-19, pelo mau estado de conservação dos edifícios e a necessidade de aprovações de projetos de restauro -os prédios possuem área tombada por órgãos municipal e estadual de preservação. Um impasse na aprovação de uma alteração na fachada do Kinjo Yamato foi um dos principais fatores que retardaram as reformas.
A transformação das janelas em portas previstas para o mercado foi inicialmente reprovada pelo DPH (Departamento de Patrimônio Histórico do município). Depois, o órgão reavaliou o caso após a concessionária apresentar um recurso.
Nesta segunda análise, deu parecer favorável à reforma, que foi aprovada em votação do Conpresp no mês passado. A mudança de posição do DPH coincidiu com uma troca numa das cadeiras do conselho.
Atrasos nas obras e no pagamento de taxas ao município fez com que o TCM (Tribunal de Contas do Município) emitisse um alerta, em 2023, sobre possível descumprimento do contrato.
Contaria a favor de um ritmo mais célere de entregas, agora, que os projetos já estejam aprovados pelos órgãos de proteção ao patrimônio histórico. As reformas das calçadas no entorno é a única intervenção ainda a ser feita que depende do aval da prefeitura.
Ao fim de todas as obras, a concessionária espera ter investido R$ 88 milhões nos dois mercados. A empresa, mantida por um fundo de investidores, ofereceu mais de R$ 100 milhões pelo direito de explorar comercialmente o espaço. Com um contrato de concessão até 2046, a concessionária ainda será a administradora do local no centenário do Mercadão, daqui oito anos.
TULIO KRUSE / Folhapress