LONDRES, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS) – A confirmação de que Nico Hulkenberg trocará a Haas pela Sauber em 2025, chegando no time um ano antes da Audi assumir o controle em definitivo da equipe, não é daquelas que chacoalha o mercado de pilotos da F1: o alemão já era cotado para o posto e o time segue aguardando a decisão de Carlos Sainz para a outra vaga.
Mas o espanhol não é o único piloto que “segura as chaves” do mercado. Há muita indefinição até mesmo envolvendo Max Verstappen, ainda mais depois que o projetista-chefe da Red Bull, Adrian Newey, expressou internamente seu desejo de sair do time.
Isso porque Verstappen tem condicionando sua permanência na Red Bull, time com o qual tem contrato até o final de 2027, à continuidade de personagens importantes e a uma trégua nas disputas internas por poder na equipe. Desde a morte do co-fundador da Red Bull, Dietrich Mateschitz, em outubro de 2022, existe todo um contexto de incertezas na empresa que também se refletem na equipe de F1.
Verstappen tem contrato e não tem motivos para sair da Red Bull tão cedo, já que a vantagem atual deles leva a crer que, com o regulamento estável em 2025, o time ainda seja dominante ano que vem. Mas o momento também é importante para se posicionar para 2026, quando haverá um novo regulamento no carro e no motor.
A ESCOLHA ARRISCADA DE SAINZ
“Todos falam que seus números são os melhores, mas simplesmente não dá para saber. Quem tomar a decisão agora e acabar no melhor carro não vai ter feito porque sabia, e sim porque estava no lugar e na hora certa”, disse Sainz, a respeito das simulações que as equipes fazem sobre o motor de 2026. E isso torna ainda mais difícil decidir, tanto no caso do espanhol, quanto no de Verstappen.
Eles são os dois grandes atores do mercado que está se movimentando mais cedo porque Lewis Hamilton decidiu encerrar seu contrato um ano antes do previsto e acerto a ida à Ferrari em 2025. Com isso, no momento há uma vaga em aberto na Mercedes, pelo menos uma vaga (de Perez) aberta na Red Bull, e uma vaga na Audi como uma aposta a médio prazo.
Sainz interessa à Red Bull, vaga que ficaria muito mais interessante se Verstappen decidisse sair. Mas o espanhol sabe que pode não ter tempo de esperar por algo que pode não se concretizar, ainda mais com o risco de que a Red Bull caia de produção com o novo regulamento, já que eles farão o próprio motor pela primeira vez.
Mas é claro que a opção da Audi também é arriscada. Eles estão assumindo um time que deixa muito a desejar em várias áreas em relação aos ponteiros e a montadora alemã estará voltando depois de décadas fora da F1.
O QUE ACONTECE NA RED BULL?
Na equipe que vem dominando a F1, mesmo se Verstappen ficar, resta a dúvida a respeito de Sergio Perez. A equipe quer tempo para comprovar se o início de campeonato mais forte é realmente uma tendência, enquanto ele quer fechar o novo acordo o quanto antes.
Eles também controlam a RB, e há a promessa de dar a Liam Lawson uma vaga de titular em 2025. É algo que pode acontecer antes, dado o histórico do time de substituir pilotos durante a temporada se faltarem resultados. E o próprio Christian Horner, fundamental no retorno de Daniel Ricciardo ao time, já disse que “ele vai ter que produzir algo muito especial para se manter”.
Esse caso de Ricciardo é um bom exemplo para entender como essas dinâmicas dependem muito do momento. No final do ano passado, Ricciardo era cotado para a vaga de Perez, mesmo não tendo mostrado nada de especial na AlphaTauri. Em pouco tempo, a maré virou.
QUEM FICA COM A VAGA DE HAMILTON?
Enquanto Toto Wolff sonha com Verstappen, o plano de colocar o jovem Kimi Antonelli na Mercedes está sendo acelerado, com o aumento do número de testes do italiano com o time. A ideia era que Antonelli subisse para a Williams em 2025 e Mercedes em 2026.
Seria um risco enorme para ambas as partes, mas Wolff sabe que precisa de uma resposta forte à direção da montadora alemã após perder Hamilton antes do previsto.
A situação fica ainda mais complexa se lembrarmos que o contrato de George Russell vai até o final de 2025. Ele ficaria percebendo que a equipe aposta em outro piloto para o futuro?
NO PELOTÃO DE TRÁS, QUASE TODAS AS VAGAS ESTÃO EM ABERTO
Há muito movimento também na segunda metade do grid. Ambos os pilotos da Alpine têm contrato apenas até o final de 2024, assim como a dupla da RB, da Sauber, Logan Sargeant (embora Alex Albon também busque opções para sair da Williams) e Kevin Magnussen. Isso sem falar em Lance Stroll, que tem uma situação particular na Aston Martin por ser filho do dono do time.
Pierre Gasly e Esteban Ocon estudam suas opções fora da Alpine, mas elas são limitadas. A Williams pode ser usada pela Mercedes para a promoção de Antonelli, caso eles decidam que ainda é cedo para o italiano de 17 anos ir para o time principal, algo que Toto Wolff quer decidir até o final de julho.
Zhou Guanyu também busca opções, sabendo que a Sauber quer trocar ambos os pilotos. E Valtteri Bottas diz manter conversas para se manter no grid.
Mas está claro que não há vagas para todos. Além de Antonelli, é dada como certa a estreia de Oliver Bearman pela Haas, apoiado pela Ferrari. E há a promessa de Helmut Marko para Lawson.
JULIANNE CERASOLI / Folhapress