SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mercado passa o dia achando que o pior dos conflitos entre EUA, Israel e Irã já passou. À noite, o cenário mudou.
Também aqui: Trump tenta nacionalizar indústria de baterias e coloca pedra no próprio caminho, o salmão do seu rodízio pode ser uma truta e outros destaques do mercado nesta terça-feira (24).
**E AÍ, ACABOU?**
Na noite desta segunda-feira (23), Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, apareceu para dizer que a guerra entre Israel e Irã acabou o que intensificou uma onda de suspiros de alívio mundo afora.
No entanto, as tensões ainda vão se prolongar por algum tempo. Mas, tudo se complicou depois que as negociações no Ocidente já haviam terminado por isso, o dia correu com aquela sensação de fim de expediente.
IÔ-IÔ
Como falamos na edição de ontem da newsletter, o preço do barril de petróleo era o ponto mais sensível da guerra para o mercado financeiro.
Depois do bombardeio americano no Irã e das ameaças de bloqueio do Estreito de Hormuz, a cotação do petróleo Brent começou a segunda-feira sendo negociado nas alturas. O dia foi passando e os números foram caindo?
Os preços da commodity atingiram o maior valor em quase cinco meses e depois despencaram até 6% durante o dia.
O Brent, referência internacional do petróleo, disparou 5,7% para US$ 81,40 (R$ 447) por barril quando o mercado abriu na Ásia, antes de moderar para US$ 78,07 (R$ 429), uma alta de 1,4%.
O QUE ROLOU?
O mercado ficou aliviado com a reação do Irã ao bombardeio americano. Sim, é isto mesmo que você está lendo.
No fim das contas, os investidores consideraram menos grave o bombardeio iraniano a bases americanas no Oriente Médio do que a possibilidade de o Irã fechar o estreito por onde passa cerca de 30% do petróleo global.
“O Irã deve seguir nessas ofensivas em vez de fechar Hormuz. Esse é o entendimento do mercado, que agora precifica que não haverá uma disrupção logística”, diz Bruno Cordeiro, analista de inteligência de mercado da StoneX.
MOVIMENTO CONTÍNUO
O dólar também caiu ontem, terminando o pregão em queda de 0,40%, aos R$ 5,504. A desvalorização também encontra justificativa no suspiro do mercado, que, ao ver o fim do calor do conflito, sentiu menor necessidade de alocar recursos na divisa americana.
UM PERDE, OUTRO GANHA
Enquanto os olhos do mundo estavam no petróleo, as cotações dos biocombustíveis dispararam.
O óleo de soja, por exemplo, subiu 11% desde quinta-feira passada (12), atingindo o nível mais alto desde outubro de 2023, a mais de 55 centavos por libra.
**BATERIA FRACA**
Não é seu celular implorando pelo carregador mais uma vez. É a indústria americana pedindo socorro.
Uma vez em crescimento acelerado, as fabricantes de baterias nos Estados Unidos veem um período de estagnação chegando, enquanto alas do Legislativo tentam frear a invasão das mercadorias chinesas no país. Vamos aos detalhes.
FOGUETE NÃO TEM RÉ (?)
Nos últimos anos, a indústria de baterias decolou com incentivos generosos concedidos pela gestão Joe Biden e pelo Congresso.
Agora, empresas estão desacelerando a construção de fábricas ou repensando grandes investimentos neste tipo de produção.
POR QUÊ?
Tudo começa nas tarifas e restrições impostas pela guerra comercial entre China e Estados Unidos.
As relações entre as empresas destes dois países estão cada vez mais fragilizadas, e as fábricas americanas precisam de materiais e expertise dos rivais para crescer no setor já muito próspero na indústria chinesa.
TIRO NO PÉ
Legisladores republicanos querem impedir que fabricantes de baterias com vínculos com a China, assim como aqueles que dependem de qualquer tecnologia ou material dela, aproveitem os incentivos federais.
Esta é a forma que os trumpistas encontraram para tentar forçar estas companhias a se nacionalizarem o máximo possível, mas o tiro pode sair pela culatra. Sem a possibilidade de consultar e comprar de quem sabe mais, pode ficar mais fácil abandonar a fabricação de baterias do que levá-la integralmente aos EUA.
DINHEIRO SAINDO
Uma das fábricas que está em risco é uma unidade de US$ 3 bilhões (R$ 16,5 bilhões) da Ford Motors, que está sendo construída em Marshall, no estado do Michigan.
A montadora americana está licenciando tecnologia do gigante chinês de baterias Contemporary Amperex Technology, ou seja, o projeto seria aniquilado pelas leis republicanas.
PERCEBE A CONTRADIÇÃO?
A Ford quer aumentar a produção das baterias para veículos elétricos e híbridos em seu país de origem, para alimentar a indústria automobilística local. Mas, ao ser proibida de fazê-lo da forma mais rentável, pode acabar desistindo da injeção de capital nos EUA.
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O fundador da Amazon, Jeff Bezos, vai se casar nesta semana com a jornalista Lauren Sanchez, em uma festa com cerca de 200 convidados em Veneza, Itália.
**OURO COR DE ROSA**
Muita gente sonha em encontrar petróleo no próprio quintal e tornar-se milionário. Alguns aquicultores turcos descobriram quase isso a truta arco-íris, apelidada de salmão turco, ganhou fama de ouro rosa por aí.
CAIU NA REDE
Caiu na rede. As exportaçõdo peixe cresceram muito nos últimos anos as da Polifish saíram de US$ 500 mil (R$ 2,7 milhões) em 2017 para US$ 86 milhões (R$ 473 milhões) no ano passado, segundo Tayfun Denizer, diretor da empresa.
Há dez anos, quando começava a produção dos animais em gaiolas submersas no Mar Negro, Denizer não imaginava a proporção que a coisa tomaria. Destinada quase exclusivamente à exportação, cresceu conforme a demanda global por salmão aumentava.
Mais de 78 mil toneladas da truta foram exportadas em 2024, dezesseis vezes mais do que em 2018.
COMO ASSIM?
Sim, isto significa que aquele salmão que você come em um rodízio de comida japonesa pode ser, na verdade, uma truta rosa. Se você não tinha percebido até agora, significa que o disfarce é eficiente, não?
O salmão e as trutas pertencem à mesma família de peixes, os salmonídeos, e eles não têm a cor alaranjada que os caracteriza desde que nascem. A carne é esbranquiçada e vai ganhando novos tons devido à alimentação dos peixes.
O que acontece nestas fazendas é que, em lugares onde não dá para criar salmão (como o Brasil, por exemplo), a truta arco-íris passa por um processo de salmonização nos cativeiros, usando substâncias artificiais que as deixam laranjas.
↳ Na Turquia, as águas geladas da costa Norte do país favoreceram a produção dos peixes.
QUEM COMPRA?
A Rússia é um cliente importante. Desde 2014, o país proíbe a importação do salmão norueguês como resposta às sanções ocidentais impostas depois da anexação da Crimeia pelos russos.
Ela foi o destino de 74,1% das exportações do salmão turco;
Depois dela, vêm Vietnã, Belarus, Alemanha e Japão.
DESAFIOS PARA O CRESCIMENTO
Os criadores turcos agora correm atrás de certificações europeias e americanas para expandir (mais) o mercado que consome os produtos deles. Na visão dos produtores de lá, os noruegueses mantêm certo controle deste mercado.
Ainda, o rápido crescimento do setor pode estar prejudicando a cultura dos peixes. Pesquisadores alertam para a alta proliferação de doenças no cativeiro estima-se que cerca de 70% das trutas arco-íris morrem prematuramente.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Orçamento apertado? Veja quando será pago o terceiro lote de restituição do Imposto de Renda e se você pode entrar nele.
De volta para casa. A Natura Cosméticos, que incorporou a Natura&Co., anunciou que vai recomprar até 34 milhões de ações ordinárias.
Devo, não nego. O ex-presidente, Roberto Campos Neto, vai ter que pagar R$ 300 mil ao BC por falha no controle de câmbio do Santander.
Sem verba. A ANP anunciou a suspensão do monitoramento de qualidade dos combustíveis por falta de orçamento.
LUANA FRANZÃO / Folhapress
