SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mesários e outros trabalhadores voluntários da Justiça Eleitoral relatam um comparecimento menor de eleitores em locais de votação da cidade de São Paulo em comparação ao primeiro turno das eleições. A reportagem percorreu alguns dos locais com maior quantidade de votantes nas regiões central, leste e oeste da cidade
A percepção tem como base as listas de comparecimento das seções eleitorais até por volta de 15h30, quando mais da metade do horário de votação já havia transcorrido. Três mesários relataram comparecimento menor de eleitores, com a ressalva de que, normalmente, há um pequeno aumento do fluxo na última hora de votação.
“Chegamos a ficar meia hora aqui sem ninguém aparecer”, diz Maurício Caldas, 38, presidente da 421ª seção da quarta zona eleitoral, na Universidade São Judas da Mooca, na região leste. “Por volta das 14h30, fizemos um levantamento aqui e chegamos à concluso de que [o comparecimento] está 10% abaixo do primeiro turno.”
Choveu por cerca de 40 minutos na Mooca na tarde deste domingo, e o movimento diminuiu nos momentos de chuva mais forte. O mesário Baltazar Cunha, 48, notou um movimento semelhante em outra seção eleitoral no mesmo local. “Comparando o mesmo horário, foram cerca de 30 pessoas a menos votar na minha seção, de um total de 385”, afirma.
Mais de 13 mil pessoas viram na unidade da São Judas na Mooca, que é um dos locais de votação com maior número de eleitores na cidade. Em bairros como Perdizes, na zona oeste, e Barra Funda, na região central, a percepção era semelhante.
“Hoje [até as 14h30] minha seção não chegou à metade dos votos. Não chega a 150, e o total é cerca de 385”, diz Carlos Silva, 32, que é presidente de uma das seções eleitorais na PUC-SP, em Perdizes. Nos corredores da universidade, era nítida a diminuição das filas no início da tarde deste domingo, em comparação ao primeiro turno.
Funcionários da escola e mesários tinham a impressão de que menos gente apareceu para votar neste domingo no colégio Dante Alighieri, próximo da avenida Paulista, na comparação com o primeiro turno. Até às 16h30, ou seja, a meia hora do fechamento das urnas, apenas 236 pessoas haviam votado na 143a seção eleitoral, segundo mesários. No primeiro turno, 273 eleitores votaram ali. A reportagem ficou dez minutos na frente da sala de aula onde fica a seção eleitoral e não apareceu ninguém para votar no local.
No total, de acordo com os mesários, 399 eleitores estão cadastrados para votar ali. Neste mesmo horário, apenas uma pessoa fazia justificativa de ausência no conjunto de mesas disponibilizada pela escola.
A esteticista Mércia Afonso da Silva, 42, chegou na hora final para votar, com o filho Pedro, de 10 anos. Ela afirma que levou mais tempo para percorrer os corredores da escola do que na sala de votação. “Não devo ter levado 15 segundos, eram só dois números para digitar, foi muito rápido “, afirmou.
Historicamente, a abstenção costuma aumentar em votações de segundo turno no país. Foi o que ocorreu em São Paulo e em outras capitais há quatro anos. Em 2020, a abstenção foi de 29,3% no primeiro turno e de 30,8% no segundo -foi um ano considerado atípico devido à pandemia de Covid-19, e neste ano o comparecimento foi maior na primeira rodada de votação.
Há um aumento consecutivo de abstenções no segundo turno em eleições municipais desde 2000. O recorde ocorreu há quatro anos, quando 29,5% dos eleitores deixaram de votar em todo o país.
TULIO KRUSE E FÁBIO PESCARINI / Folhapress