Mesmo limitada, série de Bruna Marquezine acerta na leveza de temas sérios

(FOLHAPRESS) – Amigos inseparáveis, Bia e Victor, vividos por Bruna Marquezine e Sérgio Malheiros, tem o hábito de experimentar sonhos de padaria e publicar o resultado de suas avaliações nas redes sociais. Confidentes, cúmplices, se metem e dão palpites na vida amorosa do outro, discutem, brigam, choram, mas estão sempre à disposição para ajudar no que for preciso.

Esse é um resumo básico de “Bia and Victor: Love of My Life”, primeira comédia romântica produzida pela Disney+ no Brasil, aqui batizada como “Amor da Minha Vida”.

Mais do que seguir de forma muito competente um manual de instruções do gênero, a série criada por Matheus Souza parece um genérico, como as garrafinhas de cerveja long neck sem marca que aparecem nas mãos dos personagens em quase todas as cenas.

“Amor da Minha Vida” é falada em português, mas poderia ser em inglês. A história se passa no Brasil, mas não há quase nenhuma imagem que identifique onde a ação ocorre. As situações que os personagens enfrentam são básicas e previsíveis.

Destinada à geração Z, os nascidos já num mundo digital, a série tem como maior qualidade não levar nada muito a sério, mesmo falando de adultério, crise profissional, dúvidas sobre sexualidade e relações com os pais.

René Sampaio assina como diretor-geral e Marquezine tem o crédito de codiretora da série. É a sua personagem que narra a história, descrevendo o seu medo de relacionamentos sérios e suas peripécias como candidata a atriz.

Bia passa os dez episódios enfrentando frustrações profissionais. Faz testes para inúmeros papéis, até para uma novela bíblica, sem sucesso. Arrisca-se numa peça infantil primária. Fracassa como diretora de um espetáculo baseado em seus relacionamentos. E dirige um filme, mas é passada para trás pelo produtor, que interfere em seu trabalho por razões comerciais.

A série brinca também com a onda de influenciadores que estão ocupando o espaço de atores no cinema e na TV. Há alguma autoironia nessa abordagem, é preciso dizer.

Muito simpática, sorriso lindo e grande desenvoltura, Marquezine ficou famosa como atriz-mirim, aos sete anos, com um papel em “Mulheres Apaixonadas”, novela de Manoel Carlos. Após quase duas dezenas de papéis em folhetins e séries, deixou a Globo em 2020, dizendo que o trabalho na emissora não a estimulava mais. Protagonizou naquele mesmo ano Maldivas, uma série esquecível da Netflix, e emplacou um papel secundário, no ano passado, em “Besouro Azul”, filme de super-herói da DC Comics.

Uma medida da popularidade de Marquezine é número de seguidores que tem no Instagram, 45 milhões, e o interesse que sua vida privada atrai. O namoro de grande impacto midiático com o jogador Neymar, entre 2013 e 2018, ajudou a impulsionar a sua popularidade digital. Todos os seus relacionamentos pessoais são acompanhados como novela pelos sites de celebridades.

Talvez por conta do tempo excessivo dedicado à TV aberta, e da falta de experiência em teatro, Marquezine é uma atriz com repertório pouco surpreendente. Isso transparece em “Amor da Minha Vida”. Nada que vá incomodar o seu enorme fã-clube.

“Baseada em desilusões reais”, segundo Matheus Souza, a história é repleta de piscadelas divertidas para o público-alvo. Além dele, assinam o roteiro Juliana Araripe, Luiza Fazio, Bryan Ruffo e Nátaly Neri.

Quando Bia descobre que foi enganada por um “boy lixo”, e cai no choro, Victor a abraça e faz sorrir com uma observação: “Caraca! O delineador é bom mesmo. Não borrou nada. Valeu o investimento”.

Victor é calmo e equilibrado em oposição à temperamental Bia. Ele defende a rotina no relacionamento com a namorada, Luiza, vivida por Malu Rodrigues. “É o segredo da felicidade”, diz. Eles gostam de ver realities de “pegação” na TV e dormem cedo. Quando fazem uma experiência para apimentar o sexo, com um gel ardido, dá tudo errado.

Não é preciso ver os dez episódios para saber como vai terminar o relacionamento entre os personagens vividos por Marquezine e Malheiros. Não é para isso que se assiste a uma comédia romântica. Um chamariz de espectadores deverá ser o fato positivo de a série não ser pudica em matéria de sexo.

AMOR DA MINHA VIDA

– Avaliação Bom

– Classificação 18 anos

– Elenco Bruna Marquezine, Sergio Malheiros e Danilo Mesquita

– Produção Brasil, 2024

– Direção René Sampaio, Matheus Souza, Tatiana Fragoso e Bruna Marquezine

– Onde ver Disponível no Disney+

– Criação Matheus Souza

MAURICIO STYCER / Folhapress

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