Metalúrgicos da Embraer param produção por três horas em São José dos Campos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os metalúrgicos da Embraer em São José dos Campos paralisaram a produção da unidade Ozires Silva por três horas, nesta terça-feira (3). A categoria pede que a empresa assine nova convenção coletiva e aplique reajuste salarial acima da inflação.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região havia anunciado, às 5h45, greve por tempo indeterminado.

A paralisação foi suspensa, em meio a um forte contingente da Polícia Militar e de seguranças da fabricante de aviões. O sindicato divulgou nota dizendo que “repudia o método usado pela Embraer para intimidar os trabalhadores que exerciam o seu legítimo direito à greve”.

Uma assembleia está marcada para as 15h, na entrada dos funcionários do segundo turno, quando o sindicato irá propor nova paralisação.

Em nota, a Embraer afirma que as negociações entre Fiesp e entidades sindicais continuam e que a “unidade opera normalmente, assim como as demais fábricas da empresa”.

“A Embraer por liberalidade, já concedeu o reajuste salarial de 4,06% [que corresponde a 100% da inflação no período] aos colaboradores que recebem salários de até R$ 10 mil e um fixo de R$ 406 para remunerações acima desse valor, conforme proposta apresentada pela Fiesp, que representa as empresas do setor.”

Até o momento, a empresa não se manifestou sobre a acusação de coação aos grevistas.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à CSP-Conlutas, também encaminhou nesta manhã um ofício ao presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloisio Mercadante, solicitando uma reunião. O objetivo é discutir um possível bloqueio de financiamento à Embraer pela falta de convenção coletiva assinada.

No final de setembro, o BNDES aprovou R$ 2,4 bilhões em financiamentos para exportação de aeronaves da Embraer.

“Já são seis anos que os salários não têm aumento real e direitos renovados. Esta é uma situação lamentável para uma empresa de aviação, que recebe dinheiro público e não respeita os direitos dos seus funcionários”, diz Herbert Claros, diretor do sindicato de São José dos Campos.

A condição imposta pela Embraer para a assinatura da convenção, segundo o sindicato, é a redução da estabilidade no emprego para trabalhadores vítimas de doença ou acidente ocupacional. “A convenção de 2017 garante estabilidade até a aposentadoria, mas a empresa quer reduzir esse período para 21 meses em caso de doença ocupacional, e 60 meses, para acidente ocupacional”, diz o sindicato.

Terceira maior fabricante de aviões do mundo, a Embraer é responsável pela produção de aeronaves militares, comerciais, executivas e agrícolas e se prepara para expor pela primeira vez o seu protótipo de avião elétrico, que é usado pela companhia para testar novas tecnologias de propulsão.

ANA PAULA BRANCO / Folhapress

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