SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um problema no sistema de portas de uma composição foi o responsável por gerar o caos na linha 3-vermelha que travou a volta do paulistano para casa, na noite desta quinta (1º), de acordo com Marcos Borges, coordenador no Metrô de Cuidados com o Passageiro.
Esse trem com problemas nas portas ficou parado na via, o que impediu a circulação do trem seguinte. Devido ao tempo parado, com muitas pessoas passando mal, o botão de emergência foi acionado.
Em quatro notas enviadas à reportagem na noite de quinta, não havia menção ao problema nas portas.
“Nós tivemos, sim, um problema de portas em uma composição na região da estação Belém. Essa anormalidade estava sendo tratada pelo próprio operador do trem. Quando no trem seguinte, aquele que vinha atrás deste trem, que estava com anormalidade de portas, a gente começou a receber o acionamento do botão soco, também chamado de botão de emergência”, disse o coordenador em entrevista ao Bom Dia SP, da TV Globo, nesta sexta-feira (2).
Borges afirmou que os vagões, além do botão de emergência, dispõem de um comunicador para contato direto com o operador da composição e ressaltou que os passageiros foram corretos ao acionar o sistema de emergência.
“Tem que acionar toda vez que o passageiro perceber que dentro do vagão algo de muito anormal está acontecendo. São dispositivos que existem para emergência, para situações anormais. É claro também que a gente aproveita a oportunidade para pedir ao nosso passageiro que isso seja feito, sim, com critério.”
Todos os passageiros desceram do trem e passaram a circular na via, impedindo a circulação das composições. De acordo com Borges, a demora na normalização do sistema se deveu à necessidade de retirar todas as pessoas dos trilhos e ter a certeza de que todos estavam em segurança.
“Novamente pedimos desculpas por isso. A gente precisa ter a consciência e a ciência de que a segurança das pessoas precisa estar em primeiro lugar. Lógico que tem aí possibilidades de melhoria, e o Metrô certamente vai tirar lições de aprendizado dessas circunstâncias que aconteceram ontem [quinta-feira]”, declarou. “A gente agradece essa parceria e pede desculpas pelo ocorrido de ontem [quinta-feira].”
Em quatro notas enviadas à Folha de S.Paulo na noite de quinta, a assessoria do Metrô não especificou quais eram as causas da falha que gerou os transtornos aos passageiros, mesmo tendo sido procurada. A afirmação era de que o acionamento dos dispositivos de emergência por parte dos passageiros demandou o esvaziamento do trem.
Questionado novamente nesta manhã por não ter explicado, ainda na quinta, qual era a falha, o Metrô, por meio da assessoria, respondeu que divulgou os problemas a quem pediu nota. “Tivemos dois problemas de porta que foram divulgados pelo Direto do Metrô e em nota para quem pediu”, afirmou.
“Na estação Brás da linha 3-vermelha, uma falha em porta levou ao esvaziamento do trem. 17h20/ 17h28. Entre às 18h02 e 18h12, um trem foi evacuado na estação Belém da linha 3-vermelha depois de um passageiro forçar a porta para entrar e ela não sinalizar como fechada”, afirmou a assessoria, reforçando que essas informações constavam na seção Direto do Metro, no site da companhia. Porém, a explicação não constava nas notas enviadas à reportagem na noite de ontem.
ENTENDA A FALHA
Uma falha na linha 3-vermelha transformou em caos a volta para casa, no início da noite desta quinta (1º). Passageiros ficaram presos nos trens por quase uma hora, e muitas pessoas tiveram de sair dos vagões e andar pelos trilhos, inclusive em túneis.
Segundo o Metrô, a linha teve de ser paralisada por cerca de 2h30 em razão de uma composição que teve os dispositivos de emergência acionados por passageiros, no trecho entre as estações Belém e Bresser, na zona leste da cidade.
“Esses acionamentos demandam o esvaziamento do trem, iniciado às 18h34, para a sua retirada de circulação, a fim de normalizar os dispositivos”, afirmou.
Às 19h40, a circulação foi restabelecida no trecho entre as estações Itaquera e Tatuapé, na zona leste. Ela foi totalmente normalizada às 21h05, de acordo com a empresa.
Por medida de segurança, a circulação foi interrompida e a energia, retirada, até a remoção de todos os passageiros, de acordo com a companhia. O acesso às estações foi fechado por causa da paralisação da linha.
Dentro dos vagões, passageiros entraram em desespero quando o trem parou, as luzes se apagaram e o ar-condicionado foi desligado. Usuários forçaram a porta, e o metrô oficializou a evacuação.
VALOR DA UBER MAIS QUE DOBRA
Alternativa buscada por passageiros que não conseguiram embarcar, corridas com carros de aplicativos tiveram seus preços mais que dobrados devido à elevada procura.
Simulações feitas pela Folha de S.Paulo para viagens com a Uber a partir da região central com destino para três pontos da zona leste fora do centro expandido passavam dos R$ 100.
Às 20h, a corrida entre a estação do metrô República, no centro, até Guaianases, no extremo leste, custava R$ 155. Partindo da mesma estação na região central, a viagem um pouco mais curta, até Itaquera, saía por R$ 130. Se a opção fosse pelo desembarque no Tatuapé, na borda do centro expandido, preço cobrado seria de R$ 100.
Em nota, a empresa Uber disse que o preço se torna dinâmico e o valor da viagem pode ficar mais caro do que o habitual para um determinado trecho quando a demanda em uma determinada área é maior do que o número de motoristas circulando na região naquele momento.
O preço dinâmico é aplicado, segundo a Uber, para incentivar que mais motoristas se conectem ao aplicativo e assim os usuários tenham um carro sempre que precisar. Quando a oferta sobe novamente, os preços voltam ao normal.
A Uber ainda afirmou que, de qualquer forma, o preço dinâmico é informado ao usuário no momento em que a viagem é solicitada.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress