GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) – Após Jair Bolsonaro chamar Ronaldo Caiado (União Brasil) de “governador covarde”, nesta quinta-feira (24) foi a vez da Michelle Bolsonaro criticar o chefe do executivo de Goiás, o chamando de “velha raposa”.
A ex-primeira-dama esteve no estado participando de um ato de apoio à candidatura de Fred Rodrigues (PL) à Prefeitura de Goiânia, em mais um capítulo da disputa entre Bolsonaro e Caiado na região.
Embora não tenha citado nominalmente Caiado ao falar nas “velhas raposas” que diz querer ver derrotadas, Michelle se referia a ele e ao seu candidato à prefeitura da capital, Sandro Mabel (União Brasil), a quem ela também ironizou.
“O outro lado está desesperado. Eu nunca gostei daquela rosquinha dura, horrorosa, sem gosto e queimada”, disse. O candidato de Caiado é da família que fundou a fábrica de biscoitos Mabel.
Michelle também criticou a esquerda e o PT e comemorou o que ela diz ser a dissolvição do partido de Lula, citando especificamente a derrota em Araraquara.
“Por onde nós passamos, nós vimos o PT se dissolver. Maravilha! (…) Nada melhor, meus amados, passar por uma cidade chamada Araraquara. Vinte e quatro anos o PT governando aquela cidade. Terra do mentor do PT, o Edinho [Silva]. E lá nos vencemos.”
Foi a segunda vez que Michelle foi a Goiânia para participar de atos ao lado de Fred, mesmo número de idas do próprio Bolsonaro.
No evento, ela confirmou que o ex-presidente da República voltará à capital de Goiás neste domingo (27) para acompanhar Fred durante a votação.
A eleição em Goiânia é emblemática porque coloca em lados opostos Bolsonaro e Caiado, políticos do campo da direita que vivem um histórico de aproximações e atritos.
De acordo com pesquisa Quaest divulgada no último dia 17, o nome de Caiado estava com 46% das intenções de voto contra 39% do candidato de Bolsonaro.
O ato desta quinta-feira contou também com a presença da senadora Damares Alves (Republicanos), uma parceira constante de Michelle no roteiro que ela faz pelo Brasil em apoio a candidatos do campo da direita.
Assim como em outras ocasiões, Michelle aproveitou a presença da ex-ministra de Bolsonaro para dizer não haver comparação entre ela e o “ministro taradão” de Lula, em referência a Silvio Almeida (Direitos Humanos), demitido após virem à tona acusações de assédio sexual contra ele. Damares foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos na gestão Bolsonaro.
Em seu discurso, a senadora estimulou os cerca de 250 apoiadores de Fred presentes a pedir votos “até para comunistas” e também atacou Caiado e Mabel, chamando-os de “falsos conservadores”.
Damares afirmou que a disputa em Goiânia extrapola a questão local e tem consequências nacionais e para 2026. “Precisamos ganhar aqui de lavada.”
Caiado é um dos nomes que almejam ser o candidato da direita na eleição presidencial de 2026, já que Bolsonaro está inelegível. A queda de braço com o ex-presidente no estado que ele governa por dois mandatos é crucial para essa pretensão.
A reta final da campanha em Goiânia tem sido marcada por revelações que atingem as duas candidaturas.
Do lado de Fred, descobriu-se que ele não é formado em direito, como havia informado à Justiça Eleitoral e como afirmou em diversas ocasiões. A PUC (Pontifícia Universidade Católica) do estado disse à Justiça que ele não concluiu o curso.
A formação superior é ainda um dos requisitos exigidos para a ocupação do cargo de diretor de promoção de mídias sociais, função que ele ocupou na Assembleia Legislativa de Goiás após ter o mandato de deputado estadual cassado por irregularidade na prestação de contas de uma campanha anterior. A Assembleia disse ter aberto uma sindicância para apurar o caso.
Já Caiado e Mabel sofreram dois reveses na Justiça Eleitoral, que proibiu o governador e o seu candidato de usarem o Palácio das Esmeraldas, sede do governo, para atos eleitorais, e de promoverem programas sociais para tentar angariar apoio.
Nesse último caso, a juíza Maria Umbelina Zorzetti, da 1ª Zona Eleitoral de Goiânia, disse em sua decisão que o governador do estado e Mabel usaram a máquina pública para comprar votos por meio de doações de cestas básicas.
RANIER BRAGON / Folhapress