BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – No último debate antes das eleições na Argentina do próximo domingo (19), o ultraliberal Javier Milei e o peronista Sergio Massa tiveram um de seus enfrentamentos mais fortes até o momento pelas relações com o Brasil e a China. O atual ministro da Economia acusou o extremista de querer romper o diálogo com os dois países.
Ele argumentou que a medida terminaria em menos empregos para os argentinos e que “a política exterior não se pode ser regida por caprichos”. O direitista rebateu que o adversário mente, que o presidente “Alberto Fernández também não falava com [o ex-presidente Jair] Bolsonaro” e que o Mercosul está em uma rua sem saída.
“Falaram mentiras de que eu disse que não deveria ter relações com Brasil ou China. O que eu disse é que o Estado não tem que se meter”, afirmou. Os dois discutiram, e a apresentadora teve que interferir no debate pela primeira vez para pedir que eles não se interrompessem.
Apesar de não ter sido considerado um fator definidor no primeiro turno, o debate deste domingo (12) pode ter mais peso num contexto de disputa acirrada –seu efeito não poderá ser captado pelas pesquisas, já que sua publicação é vedada na última semana eleitoral.
O evento desta vez, ocorrido na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (UBA), tem um formato mais solto, que se assemelha ao vivido por Lula (PT) e Bolsonaro (PL) em 2022, com a possibilidade de os candidatos se movimentarem pelo cenário e se interromperem.
As pesquisas mostram uma disputa acirrada e variam, ora com vantagem para o peronista, ora para o ultraliberal, mas Milei aparece à frente na maioria delas com leve diferença. Principalmente porque ele atrai a maior parte dos votos de Patricia Bullrich, macrista que representa a direita tradicional e apoiou o ex-adversário após perder no primeiro turno com 23,8% dos votos.
A segunda e última sondagem de segundo turno da AtlasIntel, divulgada nesta sexta (10), por exemplo, mostra um cenário de estabilidade em relação à semana passada, com 52,1% das intenções de voto para Milei e 47,9% para Massa, com margem de erro de um ponto percentual. A empresa foi uma das únicas que captaram a ascensão do ministro desde setembro.
Diante da conjuntura, o peronista vem intensificando os mea-culpa e as tentativas de se desvincular do governo de Alberto Fernández e de Cristina Kirchner, ex-presidente e atual vice, sumidos da campanha há meses. A ligação do candidato com a líder, que acumula alta rejeição, é o elo que une Milei e Bullrich e um dos principais pontos explorados pelo ultraliberal.
JÚLIA BARBON / Folhapress