Milei faz expurgo em equipe diplomática da Argentina e empossa novo chanceler

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – A cerca de um mês de completar um ano no poder, o governo de Javier Milei faz um expurgo em um de seus principais ministérios, o das Relações Exteriores, ao exigir a saída de todos os secretários e subsecretários, relataram os maiores jornais argentinos.

A ação do presidente ultraliberal ocorre no mesmo dia em que foi empossado em Buenos Aires seu novo chanceler, o empresário Gerardo Werthein, nesta segunda-feira (4). O empresário e até aqui embaixador argentino em Washington substitui Diana Mondino, ministra forçada a renunciar por Milei após um polêmico voto na âmbito da ONU.

O governo já promovia uma espécie de caça às bruxas na chancelaria, ao ponto de enviar uma carta à equipe diplomática os orientando a seguir sua linha política, especialmente no que tange o criticismo à Agenda 2030, de desenvolvimento social das Nações Unidas.

O ápice da crise na diplomacia foi observado na semana passada, quando Milei exigiu a renúncia de Mondino após o ministério sob a batuta da economista orientar seus diplomatas em Nova York a apoiarem uma resolução pelo fim do embargo americano a Cuba.

O voto teria sido dado estrategicamente, para angariar apoio posterior quando Buenos Aires necessitasse votar em algo relacionado às ilhas Malvinas, tema de conflito histórico com o Reino Unido. Mas ao votar assim, o país se afastou dos únicos dois sócios que Milei diz serem importantes no xadrez geopolítico: Estados Unidos e Israel.

O presidente vocaliza isso. “Meu alinhamento no mundo é com os EUA e com Israel”, repetiu nesta segunda-feira enquanto participava de um programa de TV de sua namorada Yuyito González. “Isso custou o cargo de Mondino. E também estamos fazendo um trabalho para que todos os responsáveis por isso saiam da chancelaria.”

Gerardo Werthein compõe o círculo mais próximo de Milei. Ele é empossado chanceler e deixa seu posto nos EUA apenas um dia antes das eleições americanas. A dança de cadeiras também ocorre às vésperas de muitos outros eventos importantes para Buenos Aires.

A saber: a reunião do G20 no Rio de Janeiro, da qual Milei participa; a cúpula do Mercosul no Uruguai, no início de dezembro; e, por fim, a expectativa de assinatura do acordo de livre-comércio do bloco sul-americano com a União Europeia (UE).

Quando anunciou o nome de Gerardo Werthein, originalmente formado veterinário, para a chancelaria, Milei também oficializou uma espécie de auditoria em todo o corpo diplomático para retirar qualquer funcionário que supostamente não estivesse de acordo com seus princípios, em suas palavras, “libertários”.

A posse do empresário como ministro foi simbólica. Incomumente, Milei e ele fizeram o juramento sob a Torá, o livro sagrado do judaísmo. “Levar a mensagem da Torá, da vida e da liberdade”, disse Milei brevemente sobre a missão que está incumbindo a seu ministro.

O presidente se aproximou não apenas da política de Tel Aviv como também do judaísmo. Participou de cerimônias judaicas e nomeou seu embaixador em Israel o rabino ortodoxo Axel Wahnish logo no início de sua gestão.

MAYARA PAIXÃO / Folhapress

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