Milei rejeita pedido de desculpas a Lula e diz que petista tem ego inflado de esquerdinha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Argentina, Javier Milei, rejeitou nesta sexta-feira (28) um pedido de desculpas que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia pedido e, em vez disso, chamou o petista de “esquerdinha” com “o ego inflado”.

“É preciso colocar-se acima dessas bobagens porque os interesses dos argentinos e dos brasileiros são mais importantes do que o ego inflado de algum esquerdinha”, afirmou o ultraliberal à emissora LN+, do jornal La Nacion, sobre o pedido de Lula.

Na quarta-feira (26), Lula afirmou que seu homólogo argentino deveria pedir desculpas pela quantidade de bobagem dita sobre o brasileiro e condicionou uma conversa entre os dois a uma retratação por parte de Milei.

As afirmações foram feitas em uma entrevista ao UOL. Na ocasião, o petista foi questionado sobre não ter cumprimentado Milei durante a reunião do G7, na Itália, há duas semanas. “Não conversei com o presidente da Argentina, porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem. Só quero que ele peça desculpas”, afirmou o presidente.

“A Argentina é um país que eu gosto muito e é um país muito importante para o Brasil. E o Brasil é muito importante para a Argentina. Não é um presidente da República que vai criar uma cisão. O povo argentino e brasileiro é maior que os seus presidentes. E eles querem viver bem, viver em paz”, declarou.

Em entrevista coletiva no mesmo dia, o porta-voz de Milei, Manuel Adorni, já havia dito que os dois líderes se encontraram no G7 de forma casual e se cumprimentaram cordialmente, “como devem fazer dois presidentes de duas nações”. Na ocasião, Adorni afirmou ainda respeitar a opinião de Lula, mas declarou que Milei “não cometeu nada de que tenha que se arrepender, ao menos por ora”.

Apesar do tom republicano do porta-voz, o ultraliberal falou repetidas vezes no ano passado que não falaria com Lula.

Em setembro de 2023, durante entrevista a Tucker Carlson, ex-apresentador da Fox News, Milei disse que não faria negócios com “nenhum comunista”. “Sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia. (…) Lula não está incluso aí”, afirmou. No mesmo mês, ele disse à revista britânica The Economist que Lula tinha uma “vocação totalitária”, fazia aberrações na administração do Brasil e ameaçava a liberdade de imprensa, citando exemplos pouco claros.

Durante a corrida pela Presidência argentina, em novembro, ele afirmou ainda que Lula estava interferindo na campanha do país, atribuindo a acusação a pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e jornalistas. A fala de Milei estava relacionada ao fato de que publicitários ligados ao PT e que participaram da campanha de Lula em 2022 foram reforçar a equipe do peronista Sergio Massa na disputa contra o ultraliberal.

Em outra ocasião, Milei concordou com um apresentador peruano que chamou o petista de corrupto, mencionando a prisão do brasileiro.

“Qual é o problema? É porque o chamei de corrupto? Por acaso não foi preso por corrupção? É porque o chamei de comunista? Por acaso não é comunista? Desde quando é preciso pedir perdão por dizer a verdade? Ou a correção política está tão em falta que não podemos dizer nada à esquerda ainda que seja verdade?”, disse o ultraliberal nesta sexta.

Lula, em março passado, mencionou nominalmente Milei ao falar sobre o risco da democracia no Brasil e em outros países.

Apesar das rixas, em novembro de 2023, em passagem por Brasília, a então indicada a chanceler argentina, Diana Mondino, trouxe uma carta na qual Milei convidava Lula para sua posse, em 10 de dezembro. O brasileiro não foi à cerimônia. Como seu representante, enviou Mauro Vieira.

Em abril, Mondino, já empossada na chefia da diplomacia argentina, voltou ao Brasil e trouxe uma nova missiva de Milei a Lula na qual defendia a manutenção de uma boa relação bilateral entre os dois países. Tampouco houve avanço para um encontro bilateral.

Há pelo menos dois eventos internacionais neste ano em que Milei e Lula podem se encontrar, ao menos no contexto de cúpula com outros chefes de Estado. Uma é a reunião dos líderes do Mercosul, em julho, no Paraguai, para a qual ambos estão confirmados até o momento. A outra é o G20, em novembro, no Rio.

Redação / Folhapress

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