Militares do Níger afirmam ter deposto presidente e fecham fronteiras do país

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Militares do Níger disseram ter deposto o presidente, Mohamed Bazoum, e fechado as fronteiras do país nesta quarta-feira (26). O anúncio do que parece ser mais um golpe de Estado na África foi feito em um pronunciamento na TV no final de um dia agitado.

O dia começou com Bazoum sendo preso por membros da Guarda Presidencial na capital, Niamei. A ação foi condenada por países africanos, União Europeia e Estados Unidos, e seguida de tentativas de negociação pela libertação do governante. Os membros também bloquearam o acesso ao palácio presidencial, onde ele foi confinado.

Bazoum estava em sua residência com a família, cercado por membros da guarda presidencial, disse um funcionário da União Europeia, após o que a UE descreveu como um “motim”. A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) confirmou a “tentativa de golpe de Estado” e manifestou o seu “espanto e preocupação”.

No início do dia, a presidência do Níger divulgou um comunicado nas redes sociais –posteriormente excluído– dizendo que os guardas presidenciais haviam iniciado um movimento “anti-republicano” naquela manhã.

A nota também afirmou que o exército do país estava pronto para agir se os guardas se recusassem a mudar de postura. “O presidente da República e sua família estão bem”, relatou a presidência, sem fornecer mais detalhes.

O presidente de Benin, Patrice Talon, viajará para Niamei para tentar mediar o diálogo entre a guarda e Bazoum. “Todos os meios serão usados, se necessário, para restaurar a ordem constitucional no Níger, mas o ideal seria que tudo fosse feito em paz e harmonia”, disse Talon a jornalistas, após se reunir com presidente nigeriano, Bola Tinubu.

No final da tarde, a guarda dispersou com tiros de advertência manifestantes favoráveis ao líder. Os protestantes tentaram se aproximar do palácio da presidência, onde o governante estava preso na capital do país.

A União Africana (UA) criticou a tentativa de golpe de Estado e pediu o “retorno imediato e incondicional dos militares traidores aos seus quartéis”. Na mesma linha, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, também disse estar “muito preocupado” e afirmou que o bloco “condena qualquer tentativa de desestabilizar a democracia e ameaçar a estabilização do Níger”.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, contou que os Estados Unidos pediram aos membros da guarda presidencial que libertem Bazoum e “se abstenham de toda violência”.

Desde que se tornou independente da França em 1960, diversas tentativas de golpes de Estado foram produzidas no país. Quatro deles foram exitosos, sendo o último em fevereiro de 2010, quando o presidente Mamadou Tandja foi deposto.

Bazoum assumiu a presidência do Níger em 2 de abril de 2021. Na época, uma unidade militar tentou tomar o palácio presidencial em uma tentativa de golpe, mas a ordem foi restaurada, antes daquela que foi a primeira transferência de poder democrática no país.

O Níger tornou-se um aliado fundamental da União Europeia na luta contra a migração irregular da África subsaariana. No ano passado, a França transferiu tropas do Mali para o país, depois que suas relações com as autoridades interinas de lá se deterioraram. Também retirou forças especiais de Burkina Faso em meio a tensões semelhantes.

Os Estados Unidos dizem que gastaram cerca de US$ 500 milhões desde 2012 para ajudar o Níger a aumentar sua segurança. Já a Alemanha anunciou em abril que participaria de uma missão militar europeia de três anos destinada a melhorar as forças armadas do país africano.

Redação / Folhapress

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