BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em reunião nesta terça-feira (12), o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) informou não saber se dará continuidade à vacinação contra dengue nas escolas, mantendo as aplicações apenas nas unidades de saúde.
A reavaliação veio em decorrência dos episódios de reações alérgicas que levaram o Ministério da Saúde a entender a necessidade de as vacinações serem feitas de forma assistida, para acompanhamento adequado das possíveis reações.
A nova recomendação da pasta inclui que sejam feitas observações por 15 a 30 minutos após a aplicação do imunizante. Apesar dos casos de reações registrados, a vacina é considerada segura por especialistas.
A informação foi dada durante a reunião de atualização do cenário epidemiológico da dengue, da semana 10 no país. No encontro, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério, Ethel Maciel, e a equipe do COE apresentaram as principais ações para prevenção e controle da doença.
O órgão ainda vai discutir se há a necessidade de um novo Dia D, que será tópico da próxima reunião com a Câmara Técnica.
A semana epidemiológica 10 fechou com 450 óbitos confirmados pela doenças e 849 em investigação. Houve um aumento dos casos graves, com 12.652 registrados, segundo o informe diário do ministério.
Minas Gerais, estado com maior número de casos até o momento, confirmou 185.690 casos de dengue. Até o momento, há 66 óbitos confirmados pela doença no estado e 308 em investigação.
Na última semana, o estado teve uma desaceleração, o que não representa queda no número de casos. “Decréscimo não quer dizer parar de crescer, quer dizer crescer mais lento”, explica o o diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (DEMSP) e responsável pelo comando do COE Dengue e outras Arboviroses, Márcio Garcia.
No total, R$ 54 milhões foram destinados para o combate à dengue por meio de portarias para o Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, além de 79 municípios.
O nível de letalidade sobre o total de casos graves em 2024 está em 3,43 %. Em todo o ano de 2023, esse índice foi de 5,1%. A maior concentração de mortes segue sendo em idosos.
A secretária da Vigilância afirmou ainda que a mudança climática é um fator que tem gerado um quadro atípico de dengue nos últimos anos no país e acredita que a situação deva continuar.
“Com as mudanças climáticas vamos ter muitos anos atípicos. A ideia é que teremos um caminho a percorrer. A gente tem a vacina, mas vamos precisar trabalhar na ampliação da produção e ver o que a gente vai fazer para chegar no que a gente gostaria que é a eliminação [do vírus]”.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO
O diretor do DEMSP destacou que o sangramento não é o único indicativo de um quadro grave da dengue, reforçando a necessidade de se atentar a sintomas como dor abdominal e vômitos.
Ele sinaliza ainda que, se tratados imediatamente, é possível evitar mortes em quadros nesse estágio. “Esses casos podem não evoluir para um caso mais grave e, consequentemente, não evoluir para um óbito”, diz.
Com a ausência de um antiviral contra a doença, a equipe deu destaque para as prevenções e cuidados. “O dia D é super importante, mas o combate é diário, semanal”, diz Garcia.
Dentre as ações, o grupo reforçou a necessidade de profilaxias como tampar caixas d’água e outros reservatórios de água, aplicação de repelentes e verificação de itens que possam acumular água parada, como pneus, garrafas e até plantas.
A possibilidade de distribuição de autotestes contra a doença também foi ponto abordado na reunião, mas o tópico ainda está sendo discutido pelo centro junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), conforme explica a coordenadora-geral de Laboratórios de Saúde Pública, Marília Santini.
“Diferentemente do [teste] da Covid que era usado para evitar transmissão, na dengue não tem esse benefício, então a gente está nessa discussão técnica (…) Mas a gente já solicitou à Anvisa que todos os produtos para diagnóstico da dengue sejam priorizados”, disse.
MARIANA BRASIL / Folhapress