SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, pediu nesta quinta-feira (11) a formação de uma comissão independente para investigar as falhas de segurança que culminaram com o mega-ataque do grupo terrorista Hamas ao sul do país em 7 de outubro.
O requerimento foi visto como um desafio público ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. Bibi, como o líder é conhecido, rejeita a criação de um inquérito enquanto a guerra contra o Hamas seguir em curso na Faixa de Gaza.
Gallant fez o pedido em discurso durante uma cerimônia de formatura de cadetes. Segundo relato do jornal The Times of Israel, ele afirmou que a comissão deveria “examinar as falhas de inteligência e operacionais” que tornaram possíveis os eventos de 7 de outubro.
Todos, ele disse, deveriam ser alvos da investigação -o Exército e os serviços de segurança, o governo atual e os da última década. “[A comissão deve] examinar a mim, o ministro da Defesa, e o primeiro-ministro, o chefe do Estado-maior e do Shin Bet [agência israelense de segurança interna], o Exército e todos os órgãos nacionais subordinados ao governo”, afirmou sob aplausos.
Gallant disse ainda que o órgão deveria apurar o que chamou de “processo de gestão” do atual conflito. As forças israelenses são amplamente criticadas pela comunidade internacional por promover ataques em áreas da faixa densamente povoadas, o que resulta em altas cifras de mortes.
Israelenses vêm aumentando a pressão sobre o governo para que ele aponte os responsáveis pelas vulnerabilidades que permitiram que combatentes liderados pelo Hamas invadissem comunidades israelenses na fronteira com Gaza.
Alguns líderes das Forças Armadas chegaram a renunciar em razão do episódio, mas a perspectiva de um inquérito que envolva políticos e oficiais de alto escalão parece distante.
As rusgas entre Gallant e Netanyahu datam de muito antes do mega-ataque, no entanto. Em março do ano passado, o ministro da Defesa israelense chegou a ser afastado após criticar publicamente a reforma judicial promovida pela coalizão de ultradireita que apoia Bibi. As mudanças representavam para muitos uma ameaça ao Estado de Direito no país.
Mas a notícia da demissão motivou protestos massivos, e cerca de um mês depois Bibi voltou atrás, sem que Gallant tivesse nem mesmo sido removido oficialmente do cargo.
Alguns analistas acreditam que o ministro da Defesa pode emergir como um adversário político de Netanyahu, especialmente se os Estados Unidos passarem a ver nele uma figura mais palatável que o atual primeiro-ministro.
Redação / Folhapress