SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, defendeu a permanência de Carlos Lupi, da Previdência Social, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diante das denúncias de fraudes com descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). As declarações foram dadas nesta quinta (1º) durante o evento unificado das centrais sindicais pelo 1º de Maio, Dia do Trabalho, na praça Campo de Bagatelle, zona norte da capital paulista.
Para Macêdo, não há “nada que desabone” Lupi até o momento.
Macêdo representou Lula, que não irá às celebrações do 1º de Maio. No ano passado, foi alvo de “bronca” do presidente após o fiasco de público nas manifestações realizadas no estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste de SP.
Ele ainda defendeu as investigações, afirmou que quem for culpado deverá ser punido com o “rigor da lei” e disse que é preciso devolver o dinheiro a quem é de direito.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que a permanência de Lupi no cargo passa por uma avaliação política e não por uma questão de culpa.
“Ontem [quarta-feira, 30], foi anunciado um novo presidente do INSS, que é por onde passa todo o processo necessário de manuseio das ferramentas para dar resposta efetiva para a sociedade brasileira das soluções. As diretrizes de determinação do presidente Lula são para apurar e resolver. Portanto, o ministro Lupi tem as ferramentas agora com a nova gestão do INSS para poder tomar as decisões, fazer as correções de rota e dar garantia à sociedade que o INSS é uma instituição séria”, afirmou Marinho.
Operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) desmontou um esquema de fraudes no INSS, que levou à demissão do presidente do instituto, Stefanutto, e ao afastamento de quatro servidores do órgão e mais um policial federal.
As investigações apontaram haver indícios de descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões, e destacaram o “careca do INSS” como um dos principais responsáveis pelo esquema.
Os descontos ilegais teriam começado em 2016, ganhado força em 2019 e disparado após movimentações do Congresso que impediram mudanças duras na legislação para proteger os segurados, chegando a números bilionários a partir de 2023.
AUSÊNCIA DE LULA E FIM DA ESCALA 6X1
Macêdo justificou a ausência de Lula dizendo que o presidente recebeu as centrais sindicais no último dia 29, que entregaram a ele uma pauta com as reivindicações da categoria, incluindo fim da escala 6×1, diminuição da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5.000, valorização do salário mínimo, entre outros temas.
Em resposta, Lula gravou pronunciamento, divulgado na noite de quarta-feira (30), no qual defende discussão com todos os setores para o fim da escala 6×1, movimento que, segundo fontes da Folha, cresce entre o governo e parlamentares progressistas.
“A jornada 6×1 é a mais cruel, especialmente para as mulheres. Pensar numa solução é importante, muito importante, importante que as centrais [sindicais façam] esse exercício de unidade para dialogar com o Congresso, convencer os parlamentares brasileiros. Isso é bom para o Brasil, é bom para os trabalhadores, mas é bom para as empresas”, disse Marinho.
JULLIA GOUVEIA / Folhapress
