SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O módulo Peregrine, que poderia fazer o primeiro pouso de uma empresa privada na Lua, não tem mais chance de alunissar. O motivo é um vazamento de combustível, anunciou a Astrobotic nesta terça-feira (9).
Havia, ainda, propelente suficiente para aproximadamente 40 horas de voo, e engenheiros buscavam formas de estender a vida operacional da sonda. A empresa acrescentou que continuava recebendo dados que podem ser utilizados na próxima missão.
A notícia veio no dia seguinte ao lançamento do módulo em um foguete Vulcan Centaur, em Cabo Canaveral, na Flórida (EUA). Esse foi o primeiro voo do foguete, desenvolvido pela United Launch Alliance (ULA), joint-venture da Boeing e da Lockheed Martin.
Os primeiros problemas apareceram ainda na segunda (8), quando o Peregrine se separou do segundo estágio do lançador e deu início a seu voo autônomo.
Os sistemas de propulsão da sonda foram ativados, mas a espaçonave não conseguiu apontar de forma estável seus painéis fotovoltaicos na direção do Sol.
As baterias rapidamente perderam sua carga. Foi possível, contudo, estabelecer comunicação entre a sonda e os controladores na sede da Astrobotic, em Pittsburgh, o que permitiu aos engenheiros fazerem uma manobra de improviso para realizar o direcionamento dos painéis.
Passado um período de blecaute de comunicações programado, os controladores constataram que a manobra fora bem-sucedida e as baterias estavam recarregando. Mas, às 15h03 de segunda (horário de Brasília), a empresa comunicou que a falha detectada no sistema de propulsão estava causando um vazamento crítico de combustível.
O vazamento continuou nesta terça e, no primeiro comunicado do dia, a empresa dizia que o objetivo passou a ser aproximar a sonda o máximo possível da Lua.
À tarde, a Astrobotic declarou que chegou ao fim o plano de levar a espaçonave à superfície lunar. “Infelizmente, devido ao vazamento de propelente, não há mais chance de um pouso na Lua.”
O módulo deixou a Terra com 21 cargas úteis, sendo seis deles da Nasa. Entre eles estavam uma série de equipamentos, como espectrômetros, sensores e minirrôbos.
Também havia cargas sem objetivos puramente científicos, a exemplo de uma cápsula do tempo com mensagens de mais de 80 mil crianças e de uma placa em memória da humanidade na Lua.
A sonda transportava ainda cinzas de ao menos 69 pessoas, entre as quais de Gene Roddenberry, criador de “Star Trek”, e das atrizes da série Majel Roddenberry e Nichelle Nichols.
Em razão da presença de cinzas, indígenas dos Estados Unidos classificaram a missão como uma “profanação” da Lua, um astro sagrado em sua cultura.
Nos últimos anos, missões privadas de Israel e Japão, assim como uma tentativa recente da agência espacial russa, fracassaram na tentativa de pousar na Lua.
Até agora, apenas agências espaciais nacionais conseguiram realizar uma alunissagem suave no satélite natural da Terra: a União Soviética foi a primeira, em 1966, seguida pelos Estados Unidos, que continuam sendo o único país que levou humanos à Lua.
A China tocou a superfície do satélite natural com sucesso em três ocasiões na última década, e a Índia foi a mais recente, ao conseguir a façanha em sua segunda tentativa no ano passado.
Redação / Folhapress