SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Bairros da zona sul de São Paulo estão entre os que ainda não tiveram energia restabelecida após o temporal que afetou a capital desde a sexta-feira (11).
Este é o segundo apagão enfrentado em onze meses na região da Vila Prel. Leandro Siqueira, 36, que mora na região há 35 anos, contou ao UOL que ele e os vizinhos também ficaram sem luz em novembro de 2023. Naquela situação, porém, a energia caiu em uma sexta-feira e voltou no domingo.
“Eu esperava que neste domingo (13) quando eu acordasse [a energia] já estaria restabelecida”, afirmou Leandro ao UOL. O farmacêutico contou que uma equipe da Enel chegou a visitar a rua da casa dele nesta madrugada, e que a luz voltou por 1h30, caindo novamente antes do amanhecer.
Para não perder os alimentos perecíveis em casa, Leandro contou com a ajuda do irmão. Ele mora a pouco mais de 10 km do farmacêutico e está com o abastecimento de energia elétrica normal. “Esses dias jantamos por lá. O banho está sendo gelado ou esquentando água e estamos dando suporte para minha vó, que mora sozinha uma rua atrás de mim”, afirmou Leandro.
Apesar de procurar a Enel por telefone e por mensagem de texto, ele não conseguiu um prazo para o retorno da luz. “Tanto pelo telefone quanto pelo WhatsApp, eles não fornecem nenhuma previsão de retorno”, disse.
A pouco mais de três quilômetros da Vila Prel, moradores de um condomínio na Vila Andrade também sofrem sem energia. A fisioterapeuta Maitê Guido contou ao UOL que abriu cinco chamados junto à Enel, e em todos recebeu prazos diferentes.
A fisioterapeuta está carregando as baterias dos eletrônicos no trabalho e já perdeu a maioria dos perecíveis. “Estamos colocando gelo no congelador para tentar manter o que resta. Dividimos as carnes entre congelador e um cooler e estamos comprando gelo todos os dias”, contou.
No apagão de novembro, ela ficou 24 horas sem luz. “Foi mais tranquilo, não perdemos quase nada”, lembra. No quarto dia sem energia, ela conta que considera ir para um hotel caso a situação não seja normalizada nesta segunda-feira (14).
“Abri chamado de urgência, pois tem fios e poste caídos dentro do condomínio. Creio que esses prazos são para acalmar a população”, disse Maitê Guido, fisioterapeuta, ao UOL.
MAIS DE 500 MIL PESSOAS SEGUEM SEM ENERGIA
Maioria das 537 mil casas sem luz estão na capital. Em São Paulo, segundo boletim divulgado pela Enel na manhã desta segunda-feira (14), há 354 mil clientes sem energia elétrica.
Apagão também atinge Cotia (36,9 mil imóveis), Taboão da Serra (32,7 mil imóveis) e São Bernardo do Campo (28,1 mil imóveis). Até o momento, 1,5 milhão de casas tiveram energia restabelecida até o momento, segundo a empresa.
Companhia não dá previsão de retorno. Nas notas enviadas pela Enel, o órgão informa que “segue trabalhando para restabelecer o fornecimento”. Ao UOL, clientes lesados informaram que recebiam previsões de retorno de luz em horários que já passaram ao contatar canais oficiais da empresa.
Ao todo, 17 linhas de transmissão foram afetadas, diz Enel. Em entrevista à TV Globo, Darcio Dias, diretor de operações da concessionária, informou que a situação em curso é pior do que a de novembro de 2023, quando a capital e a Grande São Paulo passaram quatro dias sem energia.
Vinte e nove escolas estaduais estão sem energia e funcionarão com luz natural. Segundo a Seduc-SP, os alimentos perecíveis dessas unidades estão preservados. O órgão também informou que cinco unidades escolares tiveram aulas canceladas por causa de danos causados pelas chuvas. Desde sexta-feira, mais de 130 escolas municipais e estaduais da capital relataram problemas.
Enel será intimada por demora no restabelecimento de energia. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) afirmou que a resposta da concessionária ao apagão ficou “aquém do esperado”. Equipes do Rio de Janeiro e do Ceará vieram a São Paulo para ajudar no reparo dos problemas, segundo a concessionária.
LORENA BARROS / Folhapress