RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um morador do Itaim Bibi é investigado por intermediar a remessa de cocaína para duas das principais organizações criminosas do país o Comando Vermelho, com atuação principalmente no Rio de Janeiro, e o PCC (Primeiro Comando da Capital), que tem origem no estado de São Paulo.
As duas facções são rivais, e disputam o controle do tráfico de drogas em diversas regiões do Brasil. O Itaim Bibi é um bairro de classe média alta na zona oeste da capital paulista.
As informações sobre o caso fazem parte de um inquérito da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos) do Rio de Janeiro. Nesta quinta (15), a residência do suposto traficante foi alvo de uma ação de busca e apreensão, que apreendeu celulares e computadores.
O nome do suspeito não foi divulgado. Segundo a polícia, ele já foi indiciado por estelionato em 2009, clonando cartões. Atualmente, a polícia apura se ele e um policial civil do Rio intermediaram a venda de drogas para o traficante Marco Antonio Pereira Firmino, o My Thor.
Ainda de acordo com a polícia, ele é considerado um matuto nome dado a um negociador de drogas, que não tem facção definida. Por isso, ele conseguia abastecer tanto o Comando Vermelho quanto o PCC.
“A suspeita é a de que ele e um policial civil são responsáveis pela remessa de cocaína para abastecer as comunidades que têm vinculação com o traficante My Thor”, disse o delegado João Valentim, titular da Draco.
Firmino está preso atualmente na penitenciária Bangu 3, na zona oeste do Rio. A cela onde ele está também foi alvo de buscas. Os agentes encontraram nela 10 celulares. A reportagem tenta contato com sua defesa.
No momento da apreensão os aparelhos estavam quebrados, com aspecto de terem sido pisoteados. Os agentes suspeitam que ele tenha quebrado os aparelhos antes de ser revistado.
O traficante é apontado como integrante da cúpula do Comando Vermelho, maior facção do Rio. Ele está preso há 23 anos e ficou mais de uma década no sistema penitenciário federal, retornando ao estado em 2021.
Naquele ano, a polícia recebeu informações de que Firmino havia voltado a chefiar o tráfico na Baixada Fluminense e na zona sul do Rio de dentro da prisão.
A residência do policial civil suspeito de participar do esquema também foi alvo de busca e apreensão. O imóvel fica na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, .
Em nota, a Polícia Civil afirmou que a ação tem apoio de outros órgãos, incluindo da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo e do Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil paulista.
“A investigação visa a obter mais evidências sobre a remessa de grandes quantidades de cocaína de São Paulo para comunidades no Rio de Janeiro dominadas pela facção e esclarecer os vínculos entre chefes de organizações criminosas e agentes públicos”, acrescentou a nota.
BRUNA FANTTI / Folhapress