Moradores fazem fila em mercado de cidade isolada pelas enchentes no RS

VERA CRUZ, RS (FOLHAPRESS) – A pacata cidade de Vera Cruz (RS), de 30 mil habitantes, a 160 km de Porto Alegre, na região do Vale do Rio Pardo, começou esta quinta-feira (2) mais agitada do que de costume, principalmente nos supermercados. Logo cedo, filas se formaram na entrada esperando a abertura das lojas.

Tudo por causa do medo do desabastecimento, principalmente de produtos alimentícios, risco real por causa das chuvas intensas que vêm desabando no município desde sábado (27) —praticamente sem parar nos últimos três dias.

As chuvas constantes isolaram a cidade, interditando as quatro rodovias que a ligam a outras municípios e regiões do estado, o que fechou as rotas de abastecimento. Para atender a população, os mercados não fecharam no horário do almoço (entre 12h e 13h30) como de costume e estão racionando a quantidade de produtos que cada cliente pode levar.

Sócia do Supermercado Central, um três principais da cidade, Cristilene Soder diz que está “virando para tudo que é lado” para atender a todos. “Estamos repartindo, não deixando as pessoas levarem grande quantidade de cada produto, porque a gente tem que pensar em todos”, explica. “E rezar para essa chuva logo parar, para tudo se normalizar.”

Se os mercados não podem se queixar da demanda, a ponto de estarem tendo que racionar o fornecimento de produtos, outros tipos de comércio enfrentam o problema oposto: queda expressiva das vendas. “Nosso movimento está muito abaixo do normal, com uma redução de 60 % a 70%”, conta Juliano Pauli, proprietário da Pauli Informática. “É baixíssimo o número de pessoas que vêm até a loja. A maioria vem para comprar ou fazer a manutenção de equipamentos afetados e danificados pela água.”

Além de alimentos, começam a faltar combustíveis. No feriado de quarta (1º de Maio), houve filas nos postos, o que acabou com os estoques. Em alguns, foi resposto no início da noite, mas logo terminou. Nesta quinta (2), a maioria dos estabelecimentos estava sem o produto e sem previsão de ser reabastecido.

A cidade também está sem sinal de internet móvel de algumas operadoras e sem energia em algumas localidades do interior do município. As escolas estão fechadas.

A situação tem provocado muitos transtornos aos moradores. Como conta a frentista de um dos postos da cidade, Ângela Silveira. “Além de não saber em que situação estão meus parentes do interior, há o problema de lavar a roupa, que não seca nunca.”

Ela mora em Rincão da Serra, um distrito a cerca de 6 km da sede do município. Outra questão, diz, é que as escolas fecharam devido à chuva. Ângela tem dois filhos, uma menina de 8 anos e um menino de 6. Com isso, teve que recorrer à ajuda de parentes para cuidar das crianças. “Minha sogra toma conta deles para eu poder vir trabalhar.”

A cidade também chegou a enfrentar desabastecimento de água por causa da falta de energia na estação de captação e do elevado nível do arroio fornecedor.

De acordo com o prefeito de Vera Cruz, Gilson Becker (PSB), o grande volume de chuvas causou também infiltrações em fontes e poços, que provocam turbidez da água. Mas ele garante que o processo de tratamento na estação principal resolveu o problema.

Diante da possibilidade de rompimento da ERS-412, uma das rodovias de acesso e saída da cidade, caminhões da prefeitura foram usados para levar terra e cascalho para o local onde uma ponte rompeu na ERS-409, outra ligação com o exterior.

“Montamos um mutirão e pretendemos liberar o trânsito ainda hoje [quinta]”, diz o prefeito. “Estamos dependemos um pouco de baixar volume de água sobre a pista. A previsão é de abrir para o tráfego até o final da tarde, a não ser que o volume de água acabe não baixando.”

EVANILDO DA SILVEIRA / Folhapress

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