SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O temporal que atingiu diversas regiões do estado de São Paulo na tarde de segunda-feira (8) deixou milhares de consumidores sem energia elétrica. Na capital, há relatos de moradores que ficaram até 27 horas no escuro.
A Enel afirma ter restabelecido o fornecimento para cerca de 96% dos clientes atingidos até o início da tarde desta terça-feira (9).
Os fortes ventos, que chegaram a 76 km/h, diz a Enel, causaram queda de árvores e galhos danificando trechos da rede elétrica. Os municípios mais atingidos na área de concessão foram São Paulo e Santo André.
Segundo o Corpo de Bombeiros, foram recebidos 290 chamados para quedas de árvore, com a região sul da capital sendo a mais prejudicada.
A zona sul foi uma das mais afetadas pela chuva. Uma moradora do Planalto Paulista, que fica na região, ficou sem luz desde às 15h de segunda até por volta das 18h deste terça. Vizinhos também sofrem do mesmo problema.
Nos Jardins, na zona oeste, alguns quarteirões seguiam sem luz na manhã desta terça. A região entre a rua Batataes e a avenida Paulista, na área compreendida entre as avenidas Nove de Julho e Brigadeiro Luiz Antônio, ficou sem energia por volta das 15h da segunda.
Inicialmente, a Enel previu o retorno da eletricidade para as 18h30 de segunda, depois passou o prazo para 20h30. A seguir, deixou de informar e, nesta manhã, afirmou que o problema deveria ser resolvido até as 10h. A luz voltou apenas às 15h desta terça.
A região foi fortemente atingida pelas chuvas. Árvores caíram em ruas importantes, como as alamedas Joaquim Eugênio de Lima e Campinas, e em travessas como a Batataes. Houve diversos pontos de alagamento e fios da rede elétrica ficaram expostos, derrubados por galhos.
“Técnicos da companhia atuam desde a tarde de ontem, inclusive durante a madrugada, para reconstruir os trechos da rede de distribuição danificados. Cerca de 800 equipes seguirão trabalhando ao longo do dia para restabelecer a energia para todos”, afirmou a companhia.
A publicitária Mariana Santos, 32, que vive em Moema, ficou sem energia desde as 15h30. “Perdi reuniões, tive que parar de trabalhar”, afirmou. Ela disse que a luz chegou a voltar às 20h30, mas três minutos depois voltou a cair e não retornou. “Eu mandei SMS e tentei registrar a queda de energia via aplicativo, mas pedem tanta informação que eu desisti de preencher.”
Na capital, a força do vento derrubou a estrutura metálica usada na manutenção da marquise do parque Ibirapuera. Ao menos quatro pessoas ficaram feridas sem gravidade e foram encaminhadas ao hospital Albert Einstein.
O parque ficaria fechado durante esta terça, mas foi reaberto às 14h. “A energia foi restabelecida apenas por volta das 3h30, dificultando os trabalhos durante a madrugada”, informou a Urbia, concessionária que administra o parque. Diversos frequentadores desavisados foram barrados nos portões.
A empresa diz que, desde o acidente, as equipes estão trabalhando incessantemente para o pleno restabelecimento do parque de forma segura e com a garantia do bem-estar dos visitantes.
Uma das vítimas foi levada ao hospital com suspeita de ter fraturado uma costela e outra com contusão nos membros superiores. Outra pessoa teve escoriações, sendo atendida pelos bombeiros.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirmou que 54 semáforos estão sem funcionar por falta de energia. Todos os semáforos da praça 14 Bis, na Bela Vista, por exemplo, estão apagados desde a tarde de ontem.
Além disso, 31 semáforos estão com outras falhas e, para estes,diz a CET, as equipes de manutenção já estão empenhadas na solução.
Segundo a Defesa Civil estadual, esta terça será ensolarada e com sensação de abafamento em todo o estado. Porém, ao longo do dia, a soma deste calor com a umidade proveniente do oceano e da Amazônia, criarão condições para pancadas de chuva forte, seguidas por raios e vento.
MILHÕES SEM LUZ
Após o temporal que atingiu São Paulo, em 3 de novembro de 2023, 2,1 milhões de clientes ficaram sem energia em 24 cidades da região metropolitana de São Paulo -parte deles ficou até uma semana com o fornecimento interrompido.
Diante dos problemas, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) chegou a pedir o cancelamento do contrato com a Enel.
O Ministério da Justiça abriu um processo administrativo nesta no último dia 19 de dezembro contra a Enel devido ao episódio.
FRANCISCO LIMA NETO E IGOR GIELOW / Folhapress