SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Moradores do centro de São Paulo reclamam de luzes e do ruído emitidos por festas no vale do Anhangabaú.
Segundo relatos, o problema acontece aos sábados, quando o endereço recebe eventos de música eletrônica. Os edifícios com mais queixas são dois marcos arquitetônicos da cidade: o Planalto e o Viadutos ambos projetados por Artacho Jurado.
Com vista para o vale, os prédios, dizem os residentes, são iluminados pelo laser holográfico utilizado nas festas, que duram toda a madrugada. O som também invadiria os apartamentos, mesmo com as janelas fechadas.
Consórcio responsável pelo Anhangabaú desde 2021, o Viva o Vale informa fazer o acompanhamento técnico dos eventos. Estes, afirma a empresa, seguem “as exigências previstas no contrato da concessão e as normas legais aplicáveis”.
Questionado se foi alvo de autuação por poluição sonora e incômodo visual, o grupo respondeu que todas as solicitações já apresentadas pelo poder público foram respondidas e esclarecidas.
A professora Barbara Oliveira, 47, diz que o ruído emitido do Anhangabaú chega fortíssimo a seu apartamento no Planalto, localizado na rua Maria Paula (Bela Vista). “As paredes vibram com os graves. Tudo treme.” O problema também atinge vizinhos, afirma. “As pessoas estão adoecendo, todo mundo tendo que tomar calmantes.”
Segundo Barbara, todos os finais de semana de maio tiveram eventos atravessando a madrugada. Eles começariam às 19h de sábado, terminando somente às 7h de domingo.
Numa medição feita por um aplicativo, os moradores do Planalto aferiram que o barulho chega a 79 decibéis no prédio. Em dezembro de 2024, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou um projeto de lei que retirou o limite de ruído para shows e eventos previamente aprovados pela municipalidade.
Questionada sobre o incômodo causado pelas festas do Anhangabaú, a gestão Ricardo Nunes (MDB) se limitou a defender a concessão do espaço.
“A Prefeitura de São Paulo reafirma que a concessão do Vale do Anhangabaú tem se revertido em avanços para a cidade, proporcionados pela ampliação do acesso à cultura, da geração de emprego e renda e da democratização do espaço público”, diz, em nota, a prefeitura.
No apartamento de uma vizinha da professora, os raios de luz holográfica vindos do vale fazem os cômodos parecerem uma balada, o que foi registrado em vídeo (veja acima). O mesmo ocorre em algumas das unidades do edifício Viadutos, em frente à Câmara Municipal, também na Bela Vista.
Por essa situação, moradores de ambos os prédios lideram um abaixo-assinado solicitando a redução da poluição sonora e visual no vale do Anhangabaú.
Nem todos, porém, concordam com a medida. Alguns afirmam ser exagero e moralismo. No Viadutos, apenas duas pessoas prometeram assinar o documento.
BRUNO LUCCA / Folhapress
