Moraes diz ter sido exilado pelo MPF e vê extrema direita com sangue nos olhos

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), cobrou nesta quinta-feira (7) o combate à corrupção de agentes públicos em palestre sobre o tema no MPF (Ministério Público Federal).

Moraes disse que, apesar de ter sido deixado “no exílio” por quatro anos pelo MPF e correr o “risco de ser vaiado”, o órgão poderia usar os seus mecanismos de investigação para fazer a ligação do crime organizado com agentes públicos.

Ele citou como exemplos milícias, jogo do bicho e tráfico de drogas e afirmou “ser fundamental” que se corte “o cordão umbilical entre o crime organizado e o crime institucionalizado pela corrupção nos órgãos de estado”.

“O dinheiro circula da mesma forma. Os cargos daqueles que deveriam fazer a fiscalização são os mesmos dos que eram designados em estatais. O mecanismo é exatamente o mesmo. Por que o combate não é o mesmo?”, disse.

O ministro também disse que, apesar de não ser um crime violento, a corrupção de agentes públicos que tomam conta de órgãos estatais desviando dinheiro público ou utilizando o poder e influência, têm os mesmos mecanismos e finalidade —a de enriquecer.

Ele defendeu a necessidade de mudanças estruturais que garantam aos membros do Ministério Público e do Poder Judiciário maior segurança nesse combate.

“Isso é importante para que nós possamos, com uma reestruturação, utilizar tudo o que aprendemos nesses 20 anos para atacar o que precisa ser atacado. Se não atacarmos a criminalidade organizada dentro de órgãos públicos, mais 5, 10 anos, fica extremamente difícil porque o poder deles é muito grande”, afirmou.

Moraes declarou que, no Brasil, a “chaga da corrupção infelizmente é persistente” e “corrói a democracia como vimos nesses últimos tempos, com um abalo sísmico no mundo político que teve suas consequências”.

“É importante dizer isso porque esse vácuo deixado teve as consequências do retorno de uma extrema direita com ódio no Brasil”, disse.

Ele acrescentou que as instituições devem aprender com os seus erros e se perguntar como se chegou a um ponto “em que a corrupção perdeu a vergonha na cara naquele momento do mundo político”.

“Todos os sistemas preventivos falharam no combate à corrupção. Isso acabou criando um vácuo muito grande e gerou uma polarização, o ódio e de um surgimento, não só no Brasil, de uma extrema direita com sangue nos olhos e antidemocrática”, afirmou.

CONSTANÇA REZENDE / Folhapress

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