Morre atriz Léa Garcia, ícone de ‘Orfeu Negro’, aos 90 anos em Gramado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta terça-feira (15) a atriz Léa Garcia, que seria homenageada no Festival de Gramado pelo conjunto da obra. A informação foi confirmada pelos familiares da artista nas redes sociais.

“É com pesar que nós familiares informamos o falecimento agora na cidade de Gramado no @festivaldecinemadegramado da nossa amada Léa Garcia”, diz a postagem no perfil oficial do Instagram.

Com longa carreira nos cinemas, Garcia fez sucesso cedo. Em 1957, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes por sua personagem em “Orfeu Negro”, filme de Marcel Camus vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro.

O longa foi inspirado na peça de teatro “Orfeu da Conceição”, assinada por Vinicius de Moraes, e ambienta o mito grego de Orfeu e Eurídice em uma favela carioca. Eurídice, interpretada por Marpessa Dawn, saí do sertão nordestino para morar com a prima Serafina, encarnada por Léa Garcia, no Rio de Janeiro.

Foi na cidade maravilhosa que Garcia nasceu, em 1933, filha de uma modista e de um bombeiro. Aos 11 anos foi morar com a avó, que trabalhava como doméstica em Copacabana.

Foi na década de 1950 que Léa Garcia conheceu o Teatro Experimental do Negro, grupo liderado por Abdias do Nascimento —com quem teve dois filhos—, e se descobriu uma atriz de talento ao lado de Ruth de Souza. Logo em 1952, estrearia nos palcos com “Rapsódia Negra”.

Depois de “Orfeu Negro”, ganhou as telonas em “Ganga Zumba” (1963), primeiro filme dirigido por Cacá Diegues nos moldes do cinema novo. O longa conta a história do líder do Quilombo dos Palmares, com trilha de Moacir Santos e participação de Cartola.

Mas não foi só no cinema e no teatro que Garcia deixou sua marca. A atriz começou a trabalhar na emissora Globo na década de 1970, quando integrou o elenco de “Assim na Terra Como no Céu”, novela de Dias Gomes, como Dalva, doméstica de Renatão (Jardel Filho).

A partir daí, sua carreira na televisão decolou. Participou de outras novelas como “O Homem que Deve Morrer”(1971) e “Fogo Sobre Terra” (1974), em que interpreta uma empregada que mata o patrão. Gravada em pela ditadura militar, a cena precisou ser regravada.

No início daquela década, participou do primeiro programa transmitido inteiramente a cores no país, “Meu Primeiro Baile, Caso Especial”. Foi em 1976 que fez sucesso estrondoso ao encarnar a vilã Rosa de “Escrava Isaura”, adaptação de Gilberto Braga do livro de Bernardo Guimarães.

Na época, a atriz contou sofrer agressões na rua porque o público não sabia separar a personagem da artista.

“Eu me lembro de uma cena em que, quando a Rosa acabou de fazer todas as perversidades com a Isaura, eu tive uma crise se choro, me pegou muito forte. Chorei muito, não com pena, mas porque me tocou”, disse Léa sobre o papel ao site “Memória Globo”.

Na Tv Manchete, estava no elenco de “Tocaia grande” (1995), de Duca Rachid baseado na obra de Jorge Amado e “Xica da Silva” (1996), de Walcyr Carrasco.

De volta à Globo, nas décadas de 1990 e 2000 compôs o elenco das novelas “Anjo Mau” (1997), em que contracenou com Taís Araújo, “O Clone” (2001), de Glória Perez e “Êta mundo bom!” (2016), em que trabalhou novamente com Walcyr Carrasco.

Redação / Folhapress

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