SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Deputado estadual em São Paulo por oito mandatos consecutivos, Antonio Carlos Campos Machado (PSD), 84, morreu na manhã deste sábado (6) no hospital Sírio-Libanes, em São Paulo, onde estava internado devido a uma leucemia.
Veterano na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Campos Machado foi deputado estadual de 1987 a 2023. Em 2022, não conseguiu se reeleger para mais quatro anos na Casa. Seu velório é realizado no Hall Monumental da Alesp a partir das 13h30 deste sábado.
O enterro será no Cemitério Parque Morumby, após o velório, que se encerrará às 10h do domingo (7).
Foi chefe do PTB em São Paulo, partido ao qual foi filiado durante quase toda a sua carreira política. Em 2020, deixou a sigla presidida por Roberto Jefferson por não concordar com a aproximação da legenda com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na época, Campos Machado afirmou que Jefferson havia se transformado em um “ditador”, que ele não reconhecia mais.
Machado, então, se filiou ao Avante, partido que passou a presidir em São Paulo, e criou a SP Frente Cidadã, um movimento suprapartidário para resgatar o trabalhismo no estado.
Como mostrou a coluna Painel, o ex-parlamentar atribui sua derrota em 2022 à desorganização do partido que tentava estruturar. Dividido entre demandas da campanha e da sigla, Machado teve dificuldades nas duas frentes.
Em agosto de 2023, ele se filiou ao PSD de Gilberto Kassab. Na ocasião, Kassab classificou o ex-deputado como “uma das grandes celebridades da política paulista e nacional”.
Político influente no interior paulista, Machado passou a atrair prefeitos para seu novo partido.
Na Assembleia, Machado era aliado dos governos tucanos, especialmente de Geraldo Alckmin, hoje vice-presidente da República filiado ao PSB. O ex-deputado, no entanto, se tornou opositor do ex-governador João Doria, a quem não poupava críticas na tribuna.
Reconhecido pela retórica e pelas frases de efeito, ele afirmou, em entrevista à Folha em 2019, ter recebido oito prêmios como orador do estado.
A Alesp publicou uma nota de pesar pelo falecimento de Campos Machado, na qual diz que ele “foi um dos mais longevos deputados da Alesp, dedicando 36 anos consecutivos ao parlamento paulista”.
“Nesse período, trabalhou em mais de 4 mil iniciativas legislativas, com quase 300 leis aprovadas, algumas delas de repercussão nacional.”
Em seu perfil em rede social, Alckmin se manifestou dizendo que perdeu “um grande amigo, que tinha como marca a lealdade”. “Um dos maiores líderes partidários do país, admirável articulador político, dedicado servidor da causa pública, Campos Machado foi fiel aos compromissos que assumia”, escreveu.
Kassab também lamentou a morte de Campos Machado, referindo-se a ele como “uma lenda da política paulista e brasileira”. “Campos Machado foi o grande líder da Assembleia Legislativa nas últimas décadas e a política paulista em especial perde muito com a sua partida”, afirmou.
O governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), solidarizou-se com a família e amigos de Campos Machado e afirmou que ele tem “uma trajetória que precisa ser lembrada e respeitada”.
“Lamento profundamente a morte de Campos Machado, um símbolo de dedicação ao Estado de São Paulo com oito mandatos consecutivos como deputado estadual.”, disse em rede social.
O deputado Carlão Pignatari (PSDB), ex-presidente da Alesp, disse que Campos Machado era “uma figura ímpar na política paulista”.
“Político respeitado, influente, articulado e atuante. Para toda a família, deixo os meus sentimentos.”
Campos Machado atuou principalmente nas áreas de segurança pública e justiça foi um defensor da redução da maioridade penal.
Entre os projetos de mais destaque que conseguiu aprovar está a lei que estabeleceu a gratuidade no transporte público em São Paulo para maiores de 60 anos.
Nascido em Cerqueira César e advogado formado pela Universidade de São Paulo, Machado ingressou na vida pública por meio do ex-presidente Jânio Quadros, segundo sua biografia publicada no site da Alesp.
Machado foi alvo de duas investigações do Ministério Público. Uma apurava uma acusação de enriquecimento ilícito devido a movimentações atípicas de R$ 6,1 milhões e a outra mirava a suposta cobrança de funcionários públicos por indicações para cargos na Secretaria Estadual de Justiça e na Assembleia.
O ex-deputado sempre afirmou que seu patrimônio era justificado no Imposto de Renda e que as quantias se deviam a sua atuação na advocacia por 40 anos. A respeito da segunda acusação, ele disse ser vítima de uma campanha orquestrada que seria facilmente desmentida.
Redação / Folhapress