Morre Clery Cunha, cineasta de ‘Joelma 23º Andar’ e ‘O Rei da Boca’, aos 85 anos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta quinta-feira o cineasta Clery Cunha, conhecido por trabalhos como “Os Desclassificados”, com Hélio Souto e Joana Fomm num suspense inspirado em um crime real, e “Joelma 23º Andar”, filme com Beth Goulart, que reconta o incêndio do edifício Joelma, em São Paulo, e que o sagrou como pai do cinema espírita.

Cunha, que tratava um câncer, tinha 85 anos e morreu em casa, em São Paulo.

Nascido em Leopoldo de Bulhões, em Goiás, ele começou sua carreira em 1956, como operador de cabo da TV Tupi. Após os trabalhos na área técnica, foi ator em programas como o “TV de Vanguarda”, seguido de trabalhos no teatro -atuando em “Sorocaba Senhor” e “O Amor Venceu”, dirigindo “Pluft, o Fantasminha” e “Entre Quatro Paredes”-, além de ter sido produtor de rádio.

Mas foi o cinema que deu a maior projeção ao artista. Um dos seus maiores sucessos foi “Joelma 23º Andar”, de 1980, que misturou cenas ficcionais com imagens reais da tragédia no edifício que sofreu um incêndio em 1974.

O filme reconstitui a morte da digitadora Volquimar Carvalho dos Santos, que morreu asfixiada junto de outras colegas na ocasião. Posteriormente, o médium Chico Xavier psicografou uma carta em que o espírito de Volquimar, supostamente, relata seus últimos momentos. O texto integra o livro “Somos Seis”.

Fã de quadrinhos, seriados policiais e faroestes, produziu filmes de apelo popular produzidos na chamada Boca do Lixo, na região central de São Paulo. Depois de “Os Desclassificados”, de 1972, dirigiu, no ano seguinte, “A Pequena Órfã”, melodrama baseado na telenovela da TV Excelsior, com participação do sambista Noite Ilustrada.

Já “Pensionato de Mulheres”, de 1974, reuniu nomes como Magrit Siebert e Helena Ramos num trabalho com roteiro de Joana Fomm e diálogos de Ody Fraga. Na onda do sucesso de “O Menino da Porteira”, produziu ainda a comédia “Chumbo Quente” com a dupla sertaneja Léo Canhoto e Robertinho, com toques de faroeste spaghetti e de teatro circense.

Essa aproximação com o universo popular televisivo se refletiu ainda em “O Outro Lado do Crime”, de 1979, com participação e narração do repórter policial Gil Gomes, e “O Rei da Boca”, de 1982, que reconta a ascensão e queda de um rei do submundo paulistano, inspirado na vida de criminosos como Hiroito Joanides de Morais e Joaquim Pereira da Costa.

HENRIQUE ARTUNI / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTICIAS RELACIONADAS