SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Uma das principais referências do movimento negro e sindical da Bahia, o ex-deputado federal Luiz Alberto (PT-BA) morreu em Salvador aos 70 anos. Ele sofreu um infarto e chegou a ser levado para um hospital em Lauro de Freitas (BA), mas teve a morte constatada na manhã desta quarta-feira (13).
Natural de Maragogipe, cidade do Recôncavo baiano, Luiz Alberto se mudou ainda jovem para Salvador, onde prestou serviço militar e, em meados dos anos 1970, foi aprovado em um concurso na Petrobras.
Nos anos seguintes, participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT, único partido em que militou durante sua trajetória política. Também foi um dos fundadores e líderes do MNU (Movimento Negro Unificado) na Bahia.
Amparado em sua trajetória como sindicalista e sua militância no movimento negro, Luiz Alberto disputou eleições para Câmara dos Deputados desde 1986. Assumiu o mandato pela primeira vez em 1997, após ter ficado como suplente na coligação do PT, permanecendo no cargo até 1999.
Foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2002, tendo sido reeleito para novos mandatos em 2006 e 2010. Entre 2007 e 2008, foi secretário de Promoção da Igualdade Racial na Bahia no governo de Jaques Wagner.
Na Câmara, teve uma atuação voltada para combate ao racismo e defesa dos trabalhadores. Nos governos Lula e Dilma Rousseff, o deputado atuou em prol do desenvolvimento da indústria naval no Recôncavo baiano.
Luiz Alberto foi autor de um projeto de lei que transformava o 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, em feriado nacional. A proposta, contudo, foi arquivada em 2009.
Também foi autor do projeto de lei que incluiu no Livro dos Heróis da Pátria os nomes de João de Deus, Lucas Dantas, Manuel Faustino e Luis das Virgens, líderes da Revolta dos Búzios, movimento também conhecido como Conjuração baiana ou Revolta dos Alfaiates.
O deputado ainda foi um dos criadores da Frente Parlamentar pela Defesa da Igualdade Racial, que uniu deputados e senadores em torno de temas voltados para o enfrentamento ao racismo.
Nos últimos anos, Luiz Alberto atuava como assessor da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia.
Em postagem em uma rede social, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), lamentou a morte do ex-deputado e decretou luto oficial de três dias.
“Com pesar, recebemos a notícia do falecimento de um grande nome do movimento negro e que dedicou a vida à missão de tornar a Bahia mais igualitária. Luiz Alberto se vai, mas deixa um exemplo para todas e todos”, afirmou o governador.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também lamentou a morte de Luiz Alberto, a quem classificou como “um grande companheiro” e importante liderança do movimento negro.
JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress