SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta quinta-feira (12) aos 66 anos o fotógrafo e jornalista Juan Esteves, célebre por seus retratos de grandes nomes da história da arte brasileira e internacional. Esteves foi repórter fotográfico e, posteriormente, editor-assistente e editor-adjunto de fotografia na Folha de 1986 a 1994.
A informação foi confirmada por Denise Silveira, ex-esposa do fotógrafo. Após sofre um infarto na tarde de quinta, ele foi internado, teve mais duas paradas cardíacas e não resistiu.
Juan Esteves nasceu em Santos, no litoral paulista, em 9 de dezembro de 1957. Abandonou o curso de direito na Pontifícia Universidade Católica de Santos para se dedicar à fotografia em 1980. Ainda em Santos, trabalha para agência Contato de Fotojornalismo e para o jornal A Tribuna.
Mudou-se para São Paulo em 1984, onde trabalhou na Folha antes de seguir fotografando por conta própria, trabalhando para a imprensa, editoras e gravadoras.
“Meu pai, meu avô e bisavô paternos eram arquitetos. Do lado da minha mãe, músicos e artistas visuais. Portanto cresci no meio da arte e dos livros consumindo essa cultura toda”, afirmou Esteves em entrevista à newsletter OSOL. “Tentei ser artista, músico e arquiteto. Não deu certo, mas foram coisas que passei para meu trabalho como fotógrafo.”
“Meu primeiro texto na Folha foi em 1988, sobre os cem anos da National Geographic Magazine, no caderno de Educação. Dele para a Ilustrada foi um pulo, quando passei a ser crítico de fotografia. Dar aulas foi uma extensão natural do meu trabalho, uma vez que eu me aprofundava nestas temáticas.”
Esteves teve seus trabalhos em cerca de 190 exposições, entre mostras coletivas e individuais, em museus como o Masp, o MAM e a Pinacoteca de São Paulo. No exterior, suas obras tiveram destaque no Museu de Arte Moderna, o MoMA, em Nova York, na Victoria Milo Gallery, em Londres, na Aschembach Gallery, em Amsterdã, entre outras instituições.
Publicou livros como “55 Portraits”, em 2000, com retratos de celebridades da música, do cinema e das artes plásticas em preto-e-branco; “São Paulo en Mouvement”, em coautoria com Anne Louyot, em 2005; “Presença”, em 2006, com fotos de 138 artistas plásticos brasileiros; e “Mestres da Fotografia”, trabalho com perfis de 20 grandes fotógrafos internacionais, publicado em 2022.
Além dos seus cliques, Esteves também ficou conhecido por seus textos críticos sobre a área. Após passar por revistas como a Iris e Fotografe Melhor e ser colunista do site Fotosite, alimentava frequentemente seu blog pessoal, atualizado pela última vez há menos de um mês, com uma pensata sobre a mostra de Stefania Bril, em cartaz no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.
Esteves deixa duas filhas biológicas, as gêmeas Alicia e Clara, de 24 anos, e Lucas, de 19, filho de Denise, mas não dele.
Em seu Instagram, Denise Silveira publicou uma foto de Lucas tirada por Esteves. “Juan, pra gente, não era o fotógrafo ‘fine art’. Era nossa família, meu amigo, ex-companheiro, pai dos meus filhos”, escreveu ela. “Nesse momento, meus filhos precisam de tranquilidade pa ra processar a dor. Obrigada pelo carinho de todos. Juan tinha um coração gigante e foi o coração que o levou.”
Esteves será cremado, mas ainda não há informações sobre a cerimônia.
AMANDA CAVALCANTI / Folhapress