SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu neste domingo o cineasta Sylvio Lanna, autor de filmes como “Sagrada Família”, de 1970, um dos principais representantes da fatia mineira do cinema marginal. Nascido em Ponta Nova, Minas Gerais, ele tinha 79 anos. Seu corpo foi cremado nesta segunda-feira, no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro.
A informação foi divulgada nas redes sociais por sua filha, Danieli Lima.
Audaz, seu filme se tornou um dos símbolos da contracultura emergente ao tematizar a decadência de uma família burguesa ao longo de uma viagem, ao longo da qual quatro pessoas vão se desfazendo de seus bens e regredindo à barbárie.
“Sagrada Família”, além do seu trabalho de som experimental que ampliou a experiência do média-metragem “O Roteiro do Gravador”, de 1967, é comparado a “Bang Bang”, de Andrea Tonacci, sobretudo pela similaridade com um “road movie” marginal, além de terem Paulo Cesar Pereio, também morto neste domingo, no papel principal. Na verdade, ambos os filmes nasceram de um esforço conjunto dos dois cineastas para produzirem seus primeiros longas.
Lanna atribui a origem do seu pensamento cinematográfico a “O Roteiro do Gravador”, filme que teve pouca circulação. Quase 50 anos depois, o próprio diretor foi atrás desse trabalho na Cinemateca do MAM, no Rio de Janeiro, e registrou essa busca em “In Memoriam: O Roteiro do Gravador”, de 2019.
Sem o filme em mãos, Lanna aproveita a oportunidade para criar uma carta de amor experimental à instituição arquivística, enquanto explora temas como perda, memória e renascimento.
Nos últimos quatro anos também estava lançando curtas em que recolheu memórias registradas ao longo da carreira, em película, como “Nova Pasta, Antigo Baú” e “Malandro, Termo Civilizado”, com o sambista Moreira da Silva, e “Forofina, Um Filme a Ser Feito”, sobre um projeto não concluído.
HENRIQUE ARTUNI / Folhapress