SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ex-jogadora de vôlei Walewska Moreira de Oliveira morreu nesta quinta-feira (21), aos 43 anos, em São Paulo. Ela caiu do 17º andar de um prédio na alameda Ministro Rocha de Azevedo, no bairro Cerqueira César, por volta das 18h, segundo a Polícia Militar, que foi acionada para atender a ocorrência.
A morte foi confirmada ainda no local pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A Polícia Civil investiga as hipóteses de suicídio e homicídio.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que foi solicitada perícia ao local e que detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial.
De acordo com o boletim de ocorrência, Walewska entrou sozinha na área de lazer do prédio, no 17º andar, com uma garrafa de vinho e uma pasta com papel sulfite. Isso foi registrado pelo sistema de monitoramento do edifício.
Na área de lazer, ainda segundo o boletim de ocorrência, após o incidente, foi encontrada na mesa uma garrafa e uma taça, ambas com vinho pela metade. Havia também “uma pasta com uma folha sulfite, onde foi feita uma carta que seria da vítima, aparentemente de despedida”.
Aposentada desde 2022, a campeã olímpica vinha divulgando seu livro, “Outras Redes”.
A morte foi lamentada pelo Dentil/Praia Clube, de Uberlândia (MG), última equipe da jogadora.
“Líder dentro e fora das quadras, a campeã olímpica mudou o patamar da equipe Dentil/Praia Clube, e juntos trilhamos o caminho das glórias”, diz nota divulgada pela equipe. “O vôlei brasileiro e a comunidade esportiva perderam uma verdadeira lenda, e nossos pensamentos estão com a família e amigos neste momento difícil.”
A central foi campeã olímpica nos Jogos de Pequim, em 2008, quando a seleção brasileira conquistou o primeiro ouro para o vôlei feminino. Ela também ganhou a medalha de bronze em Sidney-2000.
A CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) lamentou a morte e lembrou as conquistas da jogadora: além de campeã olímpica, Walewska conquistou três títulos do Grand Prix, os Jogos Pan-Americanos de 1999 e a Copa dos Campeões de 2013.
“Walewska era uma jogadora especial, sua trajetória no esporte será para sempre lembrada e reverenciada. Neste momento tão difícil, a CBV se solidariza com a família e os amigos desta grande jogadora”, disse o presidente da entidade, Radamés Lattari.
Ela jogou em vários clubes, como Minas, Osasco e Praia Clube. No Praia, foi campeã da Superliga em 2017/18, venceu o Sul-Americano em 2021 e encerrou a carreira esportiva na temporada 2021/22.
O Dentil/Praia Clube eternizou a camisa número de 1 de Wal, como a atleta era chamada. Depois da aposentadoria dela, ninguém mais usa a numeração.
Na biografia “Outras Redes”, a atleta contou que viajou pelo mundo e enfrentou barreiras como jogadora de vôlei. “Mudei a vida da minha família e plantei a semente da confiança no trabalho árduo dentro do coração do meu país”, escreveu.
Após ter deixado o vôlei, Walewska atuou como consultora nos temas liderança e alta performance.
“Sabe aquela pessoa que cada vez que encontra você gosta mais? Essa era a Wal. Comprometida, vibrante, extremamente correta e cheia de planos futuros”, descreveu a terapeuta Margareth Signorelli, com quem a ex-jogadora apresentava o podcast Olympic Mind.
Bicampeã olímpica, Paula Pequeno jogou ao lado de Walewska e escreveu um longo texto de despedida para a amiga, dizendo que ela era obstinada e exemplo de disciplina, força e inteligência.
“Você sempre foi uma líder, um exemplo para a nossa geração e para todas as outras que vierem. Só quem esteve em 2008 sabe da sua importância para realizar aquele feito”, afirmou. “Aliás, as 12 são as mulheres mais admiráveis da minha vida, e acabamos de perder uma das maiores”
“Walzinha, você sempre foi um exemplo para mim dentro e fora das quadras. A dor é grande demais”, lamentou a jogadora Sheila Castro, da seleção feminina.
Em sua última entrevista, no podcast “Ataque Defesa”, do jornalista Alê Oliveira, ex-jogadora falou sobre o futuro longe das quadras e a importância de planejar e aprender outras coisas.
“Eu tenho pelo menos mais 40 anos de vida produtiva. É um mundo inteiro que você tem que pensar quando está dentro da quadra”, disse.
Redação / Folhapress