SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A investigação policial da emboscada da Mancha Verde ao ônibus de torcedores cruzeirenses, integrantes da Máfia Azul, caminha a passos lentos. Passadas mais de duas semanas do incidente, o caso mudou de delegacia, apenas um suspeito foi preso e seis seguem foragidos.
O QUE ACONTECEU
A investigação deixou a delegacia especializada e passou para o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) há uma semana. A Drade (Delegacia de Polícia de Repressão Aos Delitos de Intolerância Esportiva) iniciou o trabalho de apuração, identificou suspeitos e comandou as primeiras operações. O caso, então, foi para a 3ª Delegacia de Investigações de Homicídios Múltiplos. O UOL apurou que a mudança ocorreu porque a Drade tem menos recursos.
A reportagem ouviu que o DHPP trata o caso como complexo, o que pode fazer o avanço do inquérito evoluir lentamente. O trabalho policial necessário demanda mais investigação e a realização de novas diligências, como mandados de busca e apreensão, para então embasar novas ações.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) atualizou em que pé está a investigação, confirmando que o caso segue sem novidades. “A equipe da 3ª Delegacia de Investigações de Homicídios Múltiplos está realizando a coleta de depoimentos de testemunhas e a análise dos materiais apreendidos, além de buscar novos elementos que possam auxiliar no completo esclarecimento dos fatos”, respondeu o órgão ao UOL.
A Polícia Civil realizou uma grande operação antes da troca de delegacia, que terminou com seis foragidos e só uma prisão. A Justiça autorizou no último dia 30, a pedido da Drade, o cumprimento de 16 mandados contra líderes da Mancha, entre eles o presidente da organizada Jorge Luis Sampaio Santos, sendo seis de prisão e dez de busca e apreensão. Os seis alvos não foram localizados, mas as autoridades detiveram um sétimo envolvido no ataque aos cruzeirenses após a realização das diligências.
A troca de delegacia ainda coincidiu com o caso da cabeça de porco arremessada no gramado da Neo Química Arena durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras. A investigação foi liderada pelo delegado Cesar Saad, da Drade.
Fontes próximas ao caso afirmam que o DHPP ainda está se inteirando do inquérito sobre a emboscada em Mairiporã. A expectativa é que a investigação avance na semana que vem, com a defesa dos torcedores organizados sendo acionada pelas autoridades. Advogado de Jorge e da Mancha, Gilberto Quintanilha esteve diversas vezes em ambas as delegacias nas últimas semanas.
BEATRIZ CESARINI E ANDRÉ MARTINS / Folhapress