SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A morte de Antônio Vinícius Gritzbach, 38, delator do PCC, foi encomendada pela facção, de acordo com Ivalda Aleixo, diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
“A prisão efetuada pela Corregedoria da Polícia Militar é extremamente importante. O crime foi encomendado pelo PCC”, afirmou a delegada.
Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública de São Paulo, afirmou que a investigação não vai parar até que o mandante da morte de Antônio Vinícius Gritzbach, 38, delator do PCC, seja descoberta.
“A gente não vai parar até conseguir comprovar quem foi o mandante do crime. Ainda não há uma suspeita pré-definida. Mas há uma linha de investigação”, afirmou Derrite.
Segundo o secretário, essa parte da investigação vai ter um melhor andamento agora, a partir da prisão dos agentes que faziam parte da segurança privada do delator.
“A gente agora precisa juntar todas as peças desse quebra-cabeça, todas as informações coletadas, tudo o que for extraído dos celulares que foram apreendidos, dividir com a força-tarefa para que a gente avance”, afirmou.
O empresário foi assassinado a tiros em 8 de novembro de 2024, no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Ele era jurado de morte pelo PCC.
Gritzbach, ligado à facção criminosa, teria se envolvido numa série de problemas com o grupo. Ele era suspeito de ter mandado matar dois integrantes da facção. Também fechou um acordo de delação premiada com a Justiça.
O delator voltava de uma viagem a Alagoas. Conforme mostram imagens do ataque, ele havia acabado de deixar a área de desembarque do terminal 2 do aeroporto quando homens encapuzados saíram de um Volkswagen Gol preto e atiraram contra o empresário.
Os disparos foram feitos perto do portão, em meio à circulação de outros passageiros. Os atiradores entraram no carro e fugiram.
Dias após o crime, membros da investigação diziam que as suspeitas do assassinato apontavam para os militares envolvidos na escolta do delator.
Ao todo, cinco policiais militares participavam do trabalho de escolta de Gritzbach. Eles foram contratados de maneira particular pelo empresário, que não tinha direito a segurança oficial.
Segundo Derrite, esses policiais eram investigados desde abril de 2024 em razão dessa escolta ilegal.
Quatro dos PMs estavam em veículos blindados que deveriam escoltar o delator do aeroporto até a sua casa. Um quinto agente viajou com o empresário para Alagoas, onde ficaram por sete dias.
Esse PM estaria à frente de Gritzbach e de sua namorada quando houve o ataque no aeroporto. Não há indícios de que ele tenha tentado reagir à emboscada, embora estivesse armado.
Para a Polícia Civil, um dos pontos cruciais na investigação é esclarecer se um dos veículos usados pela equipe de escolta de fato apresentou problemas mecânicos. Conforme relato dos PMs, a Amarok usada por eles teve uma pane na ignição e, por isso, três dos quatro agentes não puderam ir até o desembarque. Eles ficaram em um posto de combustível.
Apenas um PM da escolta seguiu em um segundo veículo, mas não chegou a tempo de impedir o crime.
A participação de policiais na morte do empresário já era uma das linhas de investigação do crime, já que Gritzbach teria delatado um grupo de policiais civis em suposto esquema de corrupção.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress