Morte de presos por suposta overdose de drogas K é investigada em MG

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a morte de 13 detentos em dois presídios em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A suspeita é de que ao menos seis mortes estejam associadas a overdose por drogas K.

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, sete pessoas que cumpriam pena no presídio Inspetor José Martinho Drumond morreram nos últimos dez dias. Em nenhuma delas os presos apresentavam lesões aparentes, segundo a pasta.

Outros seis óbitos foram registrados no Presídio Antônio Dutra Ladeira, entre dezembro de 2023 e abril deste ano. As causas das mortes, supostamente por overdose de drogas K, ainda estão sob investigação do Departamento Penitenciário de Minas Gerais e da Polícia Civil, e a secretaria ainda aguarda laudos da perícia técnica.

As drogas K –por exemplo K2, K9 e spice, entre outros nomes– são substâncias sintéticas desenvolvidas em laboratório com alto potencial destrutivo e efeitos que podem ser imprevisíveis.

A venda de drogas K foi banida pela facção PCC (Primeiro Comando da Capital) nos locais sob seu controle onde há venda de entorpecentes. A intenção seria a de não prejudicar o tráfico de outras drogas, a principal fonte de renda da organização criminosa.

A decisão foi tomada após líderes do PCC perceberem que o uso exagerado de K2 e K9 pelos jovens conhecidos como “avião”, que fazem o comércio nessas bocas de fumo, atraía a presença da polícia. Os reflexos da proibição já se refletem nas apreensões feitas em São Paulo, principal mercado da facção.

ENTENDA AS DROGAS K

O que são?

É a forma popular como ficaram conhecidos os canabinoides sintéticos, criados para estudos farmacológicos que buscavam entender o sistema endocanabinoide e o próprio mecanismo de ação no cérebro do THC, princípio psicoativo da maconha.

Do que são feitas?

No formato mais consumido, é dissolvido em acetona ou etanol e borrifado em ervas para imitar o aspecto de folhas secas de maconha. Além disso, várias outras substâncias, como conservantes e drogas ansiolíticas e estimulantes, podem estar presentes.

Por que não se trata de ‘maconha sintética’?

A maconha é derivada da planta Cannabis sativa, que produz os fitocanabinoides, entre eles, o THC e o CBD (canabidiol). As drogas K são produzidas a partir de canabinoides sintéticos e atuam nos mesmos receptores que a substância psicoativa THC.

Quais os efeitos?

Usuários relatam estado de torpor imediato e muitos dizem “apagar” após o consumo. Os efeitos já observados no organismo são: psicose, paranoia, alucinação, alteração de humor com irritabilidade, agressividade, desorientação, ansiedade, ataques de pânico, tremores, espasmos musculares e convulsão, transpiração intensa, queimação nos olhos, perda de percepção de tempo, sedação, dor no peito, taquicardia, bradicardia, hipertensão, hiperventilação, dormência e formigamento, náuseas, vômitos, ressecamento da boca, entre outros.

A droga causa dependência?

Sim, as drogas K podem causar tolerância, sendo necessárias doses cada vez mais elevadas para obter o efeito psicoativo, e, com isso, há aumento de chances de desenvolvimento de dependência.

Fontes: Eric Barioni, biomédico, e Sociedade Brasileira de Toxicologia

ALÉXIA SOUSA / Folhapress

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