Morte misteriosa de jogador de futebol ainda intriga família e polícia

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A história de Thavisson Mendes da Silva começa com um sonho. Jogador amador, torcedor do Flamengo e fã de Cafu, ele cresceu com o desejo de se tornar um profissional no esporte. Prestes a completar 27 anos, sua vida foi interrompida de maneira trágica, deixando um vazio e muitas perguntas sem respostas.

No dia 8 de abril deste ano, Thavisson participou do aniversário de Hyago Henrique, treinador do Esporte Clube Vila União de Novo Gama (GO), onde jogava. Após a celebração, ele saiu de moto e nunca mais foi visto com vida.

No sábado anterior ao seu desaparecimento, ele teve uma última conversa com sua irmã, Ana Maria. “Ele me pediu R$ 30 por PIX e disse que me devolveria depois de jogar no domingo, porque recebia quando jogava. Ele me agradeceu e disse: ‘Te amo, irmã’. Foi a última vez que falei com ele”, relembra Ana Maria.

Na segunda-feira, 8 de abril, Thavisson sumiu. Ele passou a noite anterior na casa de sua mãe, após discutir com sua companheira, Dalvaní, durante o jogo no domingo. Na segunda à tarde, ele saiu de casa em sua moto, depois de uma breve conversa com a mãe. Ninguém sabia que essa seria a última vez que ele seria visto.

Dalvaní, que conviveu com Thavisson por dois anos e meio, relatou como tentou convencê-lo a voltar para casa naquela segunda-feira. “Eu pedi para ele não beber naquela noite, já que ele estava desempregado, mas ele ficou com os amigos”, contou. A última mensagem que recebeu dele foi às 21h36. Ele dizia que estava tomando a última cerveja e que logo subiria na moto para ir para casa. No entanto, ele nunca chegou.

A relação do casal foi marcada por altos e baixos. Ela contou que Thavisson era missionário e que chegaram a frequentar a igreja juntos. No entanto, a convivência se complicou após ela descobrir que ele era usuário de drogas, especialmente cocaína. Segundo Dalvaní, as brigas constantes eram causadas por esse vício, que ele mantinha em segredo de sua família. “Eu sempre dizia para ele que aquilo não era vida para ninguém. Ele estava destruindo a nossa família”, relatou.

A relação entre eles também foi afetada por uma tragédia pessoal. Dalvaní estava grávida de seis meses de um menino, que seria chamado Lucas Heitor. Porém, devido a complicações de saúde, ela perdeu o bebê, o que abalou ainda mais a vida do casal. Thavisson havia feito uma promessa a Deus de que, se tanto ela quanto o bebê sobrevivessem, ele voltaria a pregar. No entanto, após a perda, ele se distanciou da igreja e seguiu outro caminho.

O desaparecimento de Thavisson foi devastador para a família e amigos. O corpo dele só foi localizado 52 dias depois, em 30 de maio, em uma mata em Valparaíso. A motocicleta foi encontrada perto de uma chácara, e sua carteira foi achada nas proximidades. O corpo, já em avançado estado de decomposição, foi identificado por exame de DNA. Apesar de rumores sobre uma possível decapitação, o delegado Taylor Brito esclareceu que isso se devia ao estado de decomposição natural.

A investigação sobre sua morte ainda está em andamento. A polícia trabalha com diferentes hipóteses, que incluem desde homicídio até morte acidental. O delegado Taylor Brito afirma que mais evidências são necessárias para determinar a causa da morte, e que a análise do celular de Thavisson pode trazer novos elementos ao caso.

Thavisson foi enterrado no dia 14 de junho, deixando uma família abalada e muitas questões ainda por responder. Enquanto isso, seus entes queridos aguardam o desfecho das investigações, na esperança de entender o que realmente aconteceu naquela noite fatídica.

VANDERLEI LIMA / Folhapress

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