SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Casos de overdose fora dos hospitais causados pelo consumo de fentanil, um opioide altamente potente e já encontrado no Brasil, mais que triplicou nos Estados Unidos entre 2016 e 2021. O dado foi divulgado nesta quarta (21) em um artigo no New England Journal of Medicine.
Os autores utilizaram informações do Centro Nacional para Estatísticas de Saúde (em livre tradução) dos EUA. Eles compilaram os números de overdose desde 2016 até 2021, ano que a pandemia de Covid-19 já era uma realidade em todo o mundo.
O que chama atenção é o aumento vertiginoso das fatalidades relacionadas ao fentanil. Enquanto a taxa era de 46 óbitos por 1 milhão em 2016, saltou para 178 em 2021.
Em hospitais, o fentanil é usado para a sedação de pacientes durante cirurgias ou para combater dores intensas. A substância, porém, passou a ser usada fora dos centros de saúde para potencializar efeitos causados por drogas. No Brasil já existem relatos da mistura do fentanil com drogas do tipo K.
Os dados também foram segmentados com base no local das mortes: se ocorriam em ambiente hospitalar ou não.
O estudo americano levantou casos de overdose fora dos hospitais provocados por outras substâncias, e foi constatada uma queda nas mortes causadas por outros opioides que não o fentanil. Enquanto isso, óbitos relacionados a drogas que não são opioides também cresceram no período de seis anos da análise, mas ainda distante do salto observado com o fentanil.
Dentro dos centros médicos, casos de morte por fentanil também subiram, mas em nível menor do que óbitos por fentanil fora de hospitais. O número de mortes provocadas por outros drogas (incluindo outros opioides) se manteve estável entre 2016 e 2021.
Os dados revisados indicam que o fentanil é provavelmente a principal substância associada ao aumento de overdoses nos EUA. Em 2016 foram cerca de 63 mil óbitos associados ao uso de drogas, e em 2021 o número chegou a 107 mil.
SAMUEL FERNANDES / Folhapress