RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Motta tira PT da relatoria da LDO, e partido fica com texto da MP dos impostos

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), recuou de um acordo com o PT e escolheu o deputado Gervásio Maia (PSB-PB) como relator do projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026.

Originalmente, o cargo deveria ficar com um petista, mas o centrão se insurgiu contra a escolha por entender que a LDO é o principal caminho para controlar o fluxo de liberação das emendas no ano eleitoral.

Como compensação, o PT terá a relatoria da MP (medida provisória) da alta de impostos elaborada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) como substituição ao decreto que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O responsável por essa função deve ser o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que Motta “o comunicou” que queria rever a indicação da relatoria para o PT por causa das resistências dos partidos e que concordou.

“Não tem crise sobre isso, até porque nós não vamos enveredar por nenhum caminho que amplie as dificuldades que são normais aqui dentro do parlamento”, afirmou o petista.

Outro líder do partido classificou a mudança como uma “ruptura combinada” e evitou falar em quebra de acordo. O entendimento é que, neste momento, será mais importante tentar aprovar parte da MP e garantir uma arrecadação extra do que assumir o comando da LDO.

Além disso, Gervásio Maia é um aliado do presidente Lula (PT) -embora também seja muito próximo de Motta. O parlamentar do PSB foi avisado na noite de quarta-feira (11) e disse que se reunirá com os técnicos na próxima semana para começar a estudar o calendário e conteúdo do projeto.

Como mostrou a Folha de S.Paulo na semana passada, o centrão pressionava Motta a romper o acordo com o PT com o objetivo de aprovar regras que priorizem a execução das emendas parlamentares ao Orçamento, em detrimento dos investimentos do governo no ano eleitoral.

A LDO é aprovada anualmente e estabelece as diretrizes que precisam ser seguidas na elaboração e na execução do Orçamento. Em 2024, o Congresso tentou impor um calendário de execução das emendas, mas Lula vetou a iniciativa e só conseguiu fazer prevalecer sua posição com a promessa de apressar esses pagamentos.

Para 2026, ano da eleição, o Congresso quer acelerar o empenho e pagamento das emendas para prefeitos aliados antes das vedações do período eleitoral. Por isso, novamente discute estabelecer um calendário mais restritivo para o governo e forçar que os recursos destinados pelo Legislativo tenham prioridade de execução.

Um dos combustíveis para a pressão em torno da mudança de relator é o que os congressistas consideram uma demora neste ano na liberação das emendas.

Até agora, só cerca de R$ 60 milhões dos R$ 50,4 bilhões programados para o ano foram empenhados (o termo se refere à primeira fase da execução orçamentária, quando se reservam verbas para aquela despesa).

Ministros do governo Lula afirmam que o atraso ocorreu por culpa do próprio Congresso, que não aprovou a lei orçamentária em dezembro, e só concluiu a votação em março. Um desses auxiliares do presidente afirmou que o pagamento da verba será ampliado até o próximo fim de semana.

A Secretaria de Relações Institucionais do governo tem negado que exista um atraso e afirmou que o empenho teve inicio na última semana de maio. A pasta destaca que a liberação dos recursos estaria condizente com o mesmo período de tempo em anos anteriores.

Os congressistas também citam, nos bastidores, a ideia de usar a LDO para impor regras mais duras ao governo no manejo orçamentário, de forma a evitar manobras que busquem viabilizar projetos com objetivos eleitorais que tenham impacto nas contas do país.

O relator, que agora será do PSB, é o responsável por negociar com os demais parlamentares, com a sociedade e com o governo mudanças no projeto, que depois é submetido à votação. A LDO de 2026, por enquanto, tem 98 páginas, com 186 artigos, além de sete anexos. Muitas vezes, apenas o relator tem conhecimento de cada ponto alterado e dos motivos por trás dessas mudanças.

RAPHAEL DI CUNTO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS